sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

olhando para trás...

Chegado o fim do ano, resolvi reflectir acerca do que aconteceu neste ano que está prestes a findar… resolvi pensar porque, muito provavelmente não vou escrever aqui tão cedo e aproveito hoje para me despedir de todos os meus queridos leitores (devo ter a mania que escrevo numa coluna social!:)) e dizer não um adeus, mas um até logo… Este ano muitas coisas se alteraram na minha vida… Sinto que cresci, que deixei de ser aquela menina assustada, receosa, demasiado introspectiva… a vida que comecei a ter assim me obrigou! Comecei a trabalhar, pela primeira vez na minha vida, a sério, de corpo e alma (mais de corpo (subentenda-se, de cabeça) do que de alma…), saí de casa, pago as minhas contas e compro as minhas coisas sem ter necessidade de dar justificações a quem quer que seja e sou feliz… Tenho a meu lado quem eu escolhi, quem me faz sentir especial, quem me ama e ainda diz (depois de alguns anitos) que tenho um sorriso lindo… que me acha bonita, mesmo que o cansaço trilhado na minha cara seja mais que evidente… Gosto de trabalhar, fui obrigada a gostar do que faço, às vezes contrariada, às vezes descontraída… Quando olhei para a minha vida, há uns meses atrás, pensei: “está tudo encaminhado, está tudo a correr bem e assim vai continuar…” Mas não! Acabo o ano de forma muito diferente do que julgava que iria acabar… Acabo o ano mais forte emocionalmente, mais madura, mais consciente… Acabo o ano mais fraca…. porque o trabalho (que às vezes me fazia querer gritar) acabou… Senti vontade de gritar, de desaparecer, de sair daqui a correr sem ter de me despedir de ninguém (como provavelmente não chegarei a fazer…)… senti as lágrimas a querer ser mais fortes… a querer sentir a minha face… Tanto trabalho, tanta dedicação, tanto esforço e sacrifício (de horas, de momentos que podia ter passado, de pessoas com quem poderia ter-me cruzado… de minutos que podia ter dispensado) para quê? Para ser despejada sem ter sequer UMA única oportunidade para falar, para demonstrar que estou aqui porque quero, porque preciso, porque me sinto bem? De que serviram estes 15 meses se me foram roubados num segundo?! A esperança tem de continuar… A derrota jamais pode sair vencedora, jamais pode sobrepor-se à nossa força de vontade, à nossa determinação e a um olhar positivo sobre a nossa forma de olhar para a vida… Não vou, não posso nem quero desistir! Uma boa noite de domingo a todos! Um bom ano de 2007 a todos! Um grande beijo na alma! Com carinho…
Abelha.
FELIZ ANO NOVO
a todos!!!
que este novo ano possa ser encarado como uma viragem, um sinal de esperança, um olhar para um futuro melhor...
eu, inicío o ano novo com pouca fé, com a esperança a dissipar-se perante os meu olhos...
mas acredito que melhores dias virão...
para todos : 365 recheados de coisas boas para recordar e partilhar!
beijos

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

...

«Sempre», dizes, como se o tempo fosse para além do que somos, e o que somos não se perdesse em cada canto em que nos perdemos. nuno júdice

boas festas...na alma e no corpo!

A todos os meus visitantes… Deste ano, guardem tudo o que é bom de guardar e vivam o próximo ano com a certeza que tudo pode ser melhor! Por isso, antes que 2006 acabe e antes que a memória se apague, desejo a todos um NATAL MUITO FELIZ e ENTRADAS EM 2007 com a esperança que todos os vossos desejos se possam realizar (mesmo que não seja possível, fica o sonho…) beijinhos

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Ode on Melancholy


'Lethe, neither twist Wolf's-bane, 
tight-rooted, for its poisonous wine; 
Nor suffer thy pale forehead 
to be kiss'd By nightshade, ruby grape of Proserpine; 
Make not your rosary of yew-berries, 
Nor let the beetle, nor the death-moth be 
Your mournful Psyche, nor the downy owl 
A partner in your sorrow's mysteries; 
For shade to shade will come too drowsily, 
And drown the wakeful anguish of the soul. 
But when the melancholy fit shall fall 
Sudden from heaven like a weeping cloud, 
That fosters the droop-headed flowers all, 
And hides the green hill in an April shroud; 
Then glut thy sorrow on a morning rose, 
Or on the rainbow of the salt sand-wave, 
Or on the wealth of globed peonies; 
Or if thy mistress some rich anger shows, 
Emprison her soft hand, and let her rave, 
And feed deep, deep upon her peerless eyes. 
 She dwells with Beauty - Beauty that must die; 
And Joy, whose hand is ever at his lips Bidding adieu; 
and aching Pleasure nigh, 
Turning to poison while the bee-mouth sips: 
Ay, in the very temple of Delight Veil'd 
Melancholy has her sovran shrine, 
Though seen of none save him whose strenuous tongue 
Can burst Joy's grape against his palate fine; 
His soul shall taste the sadness of her might, 
And be among her cloudy trophies hung.'

John Keats

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

...

Hoje, principalmente hoje….hoje, acima de tudo, não queria estar aqui, não queria ter de encarar, de considerar a possibilidade que está tudo tão perto do fim… Por vezes, confiando no destino, nas pessoas que fazem parte do nosso presente, damos passos maiores do que as nossas pernas podem suportar… e depois tropeçamos… e deixamo-nos cair… Não sei o que deva fazer, se luto, posso desiludir-me com a resposta, se não, nunca saberei o que teria acontecido se tivesse lutado… Por isso acredito que JAMAIS devemos considerar as coisas como garantidas, como certas… devemos ter SEMPRE um pé atrás, ter dúvidas, ter receios… mas, se estamos sempre à espera que alguma coisa falhe, nunca avançaremos nas decisões que tomamos dia após dia… Tenho medo… tenho mesmo muito medo… Como vai ser daqui para a frente? Como vai ser a minha vida daqui para a frente? O tempo… esse meu actual maior inimigo, o dirá….

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

não há direito!

ANÍBAL CAVACO SILVA
Actualmente recebe três pensões pagas pelo Estado:
- 4.152,00€ do Banco de Portugal
- 2.328,00€ da Universidade Nova de Lisboa
- 2.876,00€ - por ter sido primeiro-ministro
Podendo acumulá-las com o vencimento de Presidente da Republica!!! Porque será que, o Expresso, o Público, o Independente, o Correio da Manhã e o Diário de Notícias, não abordaram este caso, mas trataram os outros conhecidos, elevando-os quase à categoria de escândalos? Será que vão fazer o mesmo que fizeram com os outros?? Não será por isto a falência da Segurança Social?!?!
ISTO É UM ATENTADO À CRISE ECONÓMICA QUE SE VIVE ACTUALMENTE NO PAÍS!
UM AUTÊNTICO ATENTADO À POBREZA!!!!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

isto sim!é jornalismo!!!

"Os sete artistas compõem um trio de talento"
Manuela Moura Guedes
"O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde veículo era bem conhecido"
António Bravo - SIC
"O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vítimas"
Juliana Faria - TV Globo
"Há muitos redactores que, para quem veio do nada, são muito fieis às suas origens"
António Tadeia - Crónicas do Correio da Manhã
"a conferência sobre a prisão de ventre foi seguida de farto almoço"
Diário da Universidade de Bragança

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

...

tenho sono...
tenho frio...
tenho o cansaço a apoderar-se de mim... e ainda é só o primeiro de muitos dias de semana que parecem nunca ter fim...
quero ir passear, sentir o vento gelado bater-me na face, sentir-me viva, sentir que me consigo mover sem ter sempre a cadeira a prender-me, a impedir-me de correr... de voar para longe....
quero sair daqui... só hoje... só neste fim de tarde escuro e sombrio....
quero ir para casa... descansar... dormir... preparar-me para mais um dia desta semana interminável...
foram tão bons, tão maravilhosamente bons estes três dias sem despertadores, sem pressões, sem pessoas que nunca quero ter de encontrar, sem a azáfama quotidiana...
foi tão bom acordar sem ter nada para fazer e poder dormir mais um bocado, sem pressas, sem telefones, sem papéis...
foi bom... namorar à vontade, namorar com tempo (coisa que, ultimamente, não tenho)...
foi bom... e acabou-se!:(

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Hoje… hoje doem-me os olhos, ardem-me as lágrimas presas por convenções, por lugares onde esse demonstrar de sentimentos não é permitido… Tenho a sensação que vou rebentar a qualquer momento, sem razão aparente, sem motivo algum… apetece-me chorar, apetece-me desabafar coisa nenhuma… às vezes sinto-me assim, sinto falta de sentir lágrimas escorrerem-me pela cara abaixo, lágrimas significativas de todos os pormenores da minha existência, lágrimas que me compreendem, que fazem parte de mim… que por vezes precisam de me abandonar… para se renovarem… e voltarem a partir quando assim preciso… Chorarei quando puder, quando o meu silêncio e o meu espaço vazio assim me permitirem… Chorarei quando outros, sem o saber, me deixarem… Chorarei… quando? Não sei…

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

for my one and only...

'Lembro-me de ter andado neste campo, 
de ter sacudido o sol de dentro das espigas, 
de ter ouvido ao longe alguém rir e depois o silêncio, 
de sentir que nada se passava ao passar pelos muros, 
de não ver ninguém e era a tarde a começar, 
de fechar os olhos para me libertar do azul, 
e de os abrir como se o céu tivesse outra cor, 
de olhar para uma casa como se alguém a habitasse, 
e de saber que as janelas se abrem para ninguém, 
de perguntar de onde veio a flor que colheste, 
sem me lembrar que é o tempo das flores, 
de te perguntar quem és sem ouvir uma palavra, 
e de ouvir tudo o que a tua respiração me diz, 
de teres pousado a cabeça no chão
 como se a terra te dissesse um segredo, 
e de ter adivinhado o que a terra te disse quando te olhei, 
e o teu rosto dizia tudo.'

Nuno Júdice

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Princesa Desalento

to a very special princess...

'Minh'alma é a Princesa Desalento, 
Como um Poeta lhe chamou, um dia. 
É magoada, e pálida, e sombria, 
Como soluços trágicos do vento! 
 É fágil como o sonho dum momento; 
Soturna como preces de agonia, 
Vive do riso duma boca fria: 
Minh'alma é a Princesa Desalento... 
 Altas horas da noite ela vagueia... 
E ao luar suavíssimo, que anseia, 
Põe-se a falar de tanta coisa morta! 
 O luar ouve minh'alma, ajoelhado, 
E vai traçar, fantástico e gelado, 
A sombra duma cruz à tua porta... 

 Florbela Espanca 

I know time will heal your wounds

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

balada da despedida...

Hoje as saudades estão a consumir-me…
Saudades de tudo e de todos, de momentos, de lugares, de pessoas que deixaram marcas na minha breve existência… Obrigada pela noite de 5ª feira (quem ler saberá do que estou a falar…) Até qualquer dia… até sempre… 

"Sentes que um tempo acabou 
Primavera de flor adormecida 
Qualquer coisa que não volta, que voou 
Que foi um rio, um ar na tua vida 
E levas em ti guardado 
O choro de uma balada 
Recordações do passado 
O bater da velha cabra 
Capa negra de saudade 
No momento da partida 
Segredos desta cidade 
Levo comigo p'ra vida 
Sabes que o desenho do adeus 
É fogo que nos queima devagar 
E no lento cerrar dos olhos teus 
Fica esperança de um dia aqui voltar 
E levas em ti guardado 
O choro de uma balada 
Recordações do passado 
O bater da velha cabra 
Capa negra de saudade 
No momento da partida 
Segredos desta cidade Levo comigo p'ra vida"

faltam 20 dias

O cheiro a Natal já paira no ar! As ruas iluminadas, a musica nos altifalantes da cidade durante o dia, a azáfama das compras, os enfeites, as janelas repletas de luz, de pais natal, de luzes coloridas que nos enchem a alma, de crianças ansiosas pela noite de dia 24… Tenho saudades desses tempos em que o Natal me enchia os olhos e a alma e me aquecia o coração! O calor que vinha da fogueira à porta da igreja na véspera do grande dia, quando ficava de mãos dadas com quem me protegia do frio e de tudo… Tenho saudades de dar valor, de sentir como só uma criança sente, de encontrar magia onde hoje só vejo consumo… de viver todo o ano à espera daquele dia… Saudades de ser criança…

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

...

Hoje, quando vinha a caminho do trabalho, encontrei dois velhinhos, sentados num banco de jardim, de mãos dadas… sorri! Pensei de mim para mim que um dia, quando for assim (se chegar a ser assim) quero ter alguém com quem partilhar os dias preenchidos de vazio, repletos de memórias de tempos idos, a olhar as pessoas passarem com pressa para chegar a lado algum. Tão atarefadas nas suas vidas sem tempo sequer de observar que ainda existem pessoas com nós… que o amor eterno não é uma utopia… Quero, quero mesmo envelhecer com alguém que tenha paciência para os meus devaneios de idade avançada, para os meus regressos no tempo constantes… para as saudades que sentirei do que viverei, do que vivo neste momento… Quero recordar, quero ser permitida de recordações… Quero poder sentar-me, num banco de jardim numa tarde como a de hoje, com um sol escondido por entre as nuvens, a olhar quem passa, a olhar para quem está ao meu lado, de dedos entrelaçados nos meus, de olhos perdidos no vazio, de olhos abertos para quem passa… quero amar assim… quero poder ser amada assim…

homenagem


'Ao longo da muralha que habitamos 
Há palavras de vida há palavras de morte 
Há palavras imensas, que esperam por nós 
E outras frágeis, que deixaram de esperar 
Há palavras acesas como barcos 
E há palavras homens, palavras que guardam 
O seu segredo e a sua posição'

  Mário Cesariny (1923 – 2006)

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

está um frio de rachar cada ossinho do nosso corpo...
e um sol de ferir os olhos...
estranho....
bem-vindo INVERNO!!!!

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

a vida não chega...

Dois lírios sobre a mesa Uma janela aberta sobre o mar Trago em mim uma certeza De quem espera pelo teu voltar Um cheirinho a café Fotografias caídas pelo chão E no ar uma canção Traz-me uma recordação Tenho um poema escrito Guardado num lugar perto do mar Tenho o olhar no infinito E suspiro devagar O tempo aqui parou Desde que te foste embora Só a saudade ficou Já não aguento tanta demora Tenho tanto por dizer Tanto por te contar Que a vida não chega Tenho o céu e tenho o mar E tanto pata te dar Que a vida não chega Tenho tanto por dizer Tanto por te contar Que a vida não chega Tenho o céu e tenho o mar E sei que vou te amar Para a eternidade… Viviane
boa semana (mais PEQUENA que as outras) para todos... :)

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

no words...

alguém...

A ferocidade do vento faz os poucos ramos folhados balouçar… o seu som estridente empurra as janelas, como um homem louco a tentar entrar, uma entrada forçada, uma entrada exigida… Milhares de pessoas vêem tudo o que possuem ser levado pelas águas que passam e arrastam tudo o que se atravessa no seu caminho… Hoje à noite, quando estivermos sentados, confortavelmente, no sofá, alheios a tudo o que se passa lá fora, veremos essa mesma realidade… essa crueldade meteorológica, essas mães que gritam, esses filhos que choram, esses pais impotentes perante tamanha destruição… E nós, no recanto do nosso lar… assistimos, sentimos, vertemos lágrimas, suspiramos de alívio por estarmos longe… O HOMEM É COMPLETAMENTE IMPOTENTE PERANTE A VONTADE DE… alguém… completamente…

Algum Dia (Hás-de Morrer Assim)

(Fado dos Sentidos)
Trazes pressa no olhar
Trazes rugas junto à lua 
Promessas de não faltar 
Naquela esquina da rua 
És um homem perseguido 
Pelo medo que te apavora 
Hora a hora mais sentido 
No amor que te devora 
Aprendi a amar-te assim 
És meu fado hoje e sempre 
Querido à beira do fim 
Quase a tempo atentamente 
E damos voltas no chão 
Até que a luz fica fria 
De não em sim, de sim em não 
Hás-de ser meu algum dia 
E damos voltas no chão 
Até que a luz fica fria 
De não em sim, de sim em não 
Hás-de ser meu algum dia
Jorge Palma

rainy days

apetecia-me dançar à chuva e gritar, gritar bem alto....
já é sexta-feira!!!!
(a gripe que teria posteriormente não interessa, o importante é desabafar no momento em que sentimos...)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Cansaço

Não consigo encontrar outra palavra para descrever o que sinto…cansaço! De tudo, de todos, de mim… estou cansada…ontem, hoje, tal como amanhã estarei… Antes, quando era livre para fazer tudo o que queria, quando dependia de todos (excepto de mim mesma), quando corria sem me cansar, quando não temia nada nem ninguém… nesse tempo (que, agora olhando para trás, acho tão longínquo) não dava valor às pequenas coisas que hoje significam tanto para mim; que, no fim do dia, me sabem tão bem, me fazem tão maravilhosamente bem… caminhar ou conduzir de regresso a casa é a minha parte preferida do dia… é aí que encontro conforto, paz, sossego, carinho, amparo, mimo… (gosto taaaaaanto de mimo!)… é aí que o meu pijama me espera à espera de ser aquecido, à espera para me confortar o corpo cansado e oprimido do resto do dia… Neste momento é só isso que me reconforta… saber que (mais tarde ou mais cedo) vou para casa… até amanhã…

'Tem sempre presente, que a pele se enruga, 
Que o cabelo se torna branco, 
Que os dias se convertem em anos, 
Mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções 
Não têm idade.
Teu espírito é o espanador 
De qualquer teia de aranha. 
 Atrás de cada linha de chegada, 
há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio. 
Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. 
Se sentes saudades do que fazias, Torna a fazê-lo. 
 Não vivas de fotografias amarelecidas. 
Continua, apesar de todos esperarem que abandones
Não deixes que se enferruje 
O ferro que há em você. 
 Faz com que em lugar de pena, te respeitem.
Quando pelos anos não consigas correr, trota. 
Quando não possas trotar, caminha. 
Quando não possas caminhar, usa bengala. Mas Nunca te Detenhas!' 
Madre Teresa de Calcutá

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém. Essas coisas todas - Essas e o que faz falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço. Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço... Álvaro de Campos

dói...

as cicatrizes são um verdadeiro relógio do tempo... um relógio que magoa, magoa muito...:(

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Do not go gentle into that good night

Do not go gentle into that good night, Old age should burn and rave at close of day; Rage, rage against the dying of the light. Though wise men at their end know dark is right, Because their words had forked no lightning they Do not go gentle into that good night. Good men, the last wave by, crying how bright Their frail deeds might have danced in a green bay, Rage, rage against the dying of the light. Wild men who caught and sang the sun in flight, And learn, too late, they grieved it on its way, Do not go gentle into that good night. Grave men, near death, who see with blinding sight Blind eyes could blaze like meteors and be gay, Rage, rage against the dying of the light. And you, my father, there on the sad height, Curse, bless me now with your fierce tears, I pray. Do not go gentle into that good night. Rage, rage against the dying of the light.
Dylan Thomas

"He wishes for the Cloths of Heaven"

"Had I the heavens' embroidered cloths, 
Enwrought with golden and silver light, 
The blue and the dim and the dark cloths 
Of night and light and the half-light, 
I would spread the cloths under your feet: 
But I, being poor, have only my dreams; 
I have spread my dreams under your feet; 
Tread softly because you tread upon my dreams." 

William Butler Yeats (sara: na versão original é muito mais profundo...)

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

rotina, inimiga rotina

Falta-me inspiração… faltam-me emoções para poder descrever… aventuras para conseguir narrar… pensamentos para transpor para aqui… a minha vida ganhou aquela rotina que sempre temi, que jamais me imaginei ter… mas tenho, tal como a maioria dos comuns dos mortais! E já é segunda-feira… mais uma semana que vai acontecer, igual a tantas outras, diferente como nenhuma… mais cinco dias de nada de novo, de possibilidade alguma de criação… Durante a semana não tenho tempo nem paciência para mim... muito menos para quem quer que seja… Odeio o despertador… odeio a luz que me ofusca os olhos, quando os sonhos ainda se escondem por detrás deles… quando ainda é cedo demais para me abandonarem… os sonhos… a presença de quem me ama… o calor, o descanso, a falta de luz… o sono… Tenho de esperar que sábado chegue… contando minuto a minuto… para que chegue o meu sossego, a minha paz, para poder e fazer companhia a quem mais quero… para ser “eu” outra vez… Até… um dia destes!

listen and feel...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

...

"há no mundo inteiro uma, quando muito, rua difícil de encontrar..."

artolas...

...é a palavra que melhor define os funcionários da Segurança Social...e sei o que estou a dizer!falei com 5 ou 6... e eram todos assim...ARTOLAS!!!!

RECADO

ouve-me que o dia te seja limpo 
e a cada esquina de luz possas recolher alimento 
suficiente para a tua morte 
 vai até onde ninguém te possa falar ou reconhecer - 
vai por esse campo de crateras extintas - 
vai por essa porta de água tão vasta quanto a noite 
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te e 
as loucas aveias que o ácido enferrujou 
erguerem-se na vertigem do voo - 
deixa que o outono traga os pássaros e as abelhas 
para pernoitarem na doçura do teu breve coração - 
ouve-me que o dia te seja limpo e para lá da pele 
constrói o arco de sal a morada eterna - 
o mar por onde fugirá o etéreo visitante 
desta noite não esqueças o navio carregado 
de lumes de desejos em poeira - não esqueças o ouro o marfim - 
os sessenta comprimidos letais ao pequeno-almoço 

 Al Berto (1948-1997)

CHEGOU!!!

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

...

"Há lugares de onde se tira a prata e lugares onde se purifica o ouro..."
(retirado de um cartão de Boas Festas...:)

Opiário

(Ao senhor Mário de Sá-Carneiro) É antes do ópio que minha alma é doente. Sentir a vida convalesce e estiola E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente. Esta vida de bordo há-de matar-me. São dias só de febre na cabeça E, por mais que procure até que adoeça, Já não encontro a mola pra adaptar-me. E por mecanismo de desastres, Uma engrenagem com volantes falsos, Que passo entre visões de cadafalsos Num jardim onde há flores no ar, sem hastes. Ao toque adormecido da morfina Perco-me em transparências latejantes E numa noite cheia de brilhantes Ergue-se a Lua como a minha Sina. Eu, que fui sempre um mau estudante, agora Não faço mais que ver o navio ir Pelo canal de Suez a conduzir A minha vida, cânfora na aurora. Perdi os dias que já aproveitara. Trabalhei para ter só o cansaço Que é hoje em mim uma espécie de braço Que ao meu pescoço me sufoca e ampara. Por isso eu tomo ópio. É um remédio. Sou um convalescente do Momento. Moro no rés-do-chão do pensamento E ver passar a vida faz-me tédio. Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim, Muito a leste não fosse o oeste já! Pra que fui visitar a Índia que há Se não há Índia senão a alma em mim? Levo o dia a fumar, a beber coisas, Drogas americanas que entontecem, E eu já tão bêbado sem nada! Dessem Mehor cérebro aos meus nervos como rosas. Escrevo estas linhas. Parece impossível! Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta! O facto é que esta vida é uma quinta Onde se aborrece uma alma sensível. Álvaro de Campos

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

plágio...descarado!

"Quero ter frio. As noites andam a acordar cedo demais.Antecede-se uma hora no relógio, mas duas no escritório da cabeça.Hoje em dia (mais hoje), faz-me falta obedecer a mais umas horas de luz.Duas, para ser mais preciso.O calor aperta-me o corpo em dias que eram feitos de malhas do fundo do armário e lareiras a estalar. Quero ter frio.Só um bocadinho, daquele que nos obriga a camisolas demasiado gordas.Quero ter robes depois do banho e meias quentes em vez de chinelos.A chuva só se devia fazer acompanhar de temperaturas rentes ao chão. A mais não é obrigada.Apetece-me fumegar da boca e perceber que se calhar devia ter trazido "qualquer coisa quentinha", como a minha mãe martelou pelo telefone.Quer ser sufocado por um cachecol.Queimar a barriga da lingua com chá de inverno, que só assim se chama pelo frio.E não.Escrevo-vos de t-shirt e chinelos. O fumo que me sai da boca faz-se acompanhar de demasiado alcatrão.Prefiro comer um troço da Marginal e ter o outro fumo.Amanhã sigo para o norte.Metereologia? "Temperatura prevista para amanhã no norte do país: 24 graus."Já nem digo nada. Só quero ter frio." faço minhas as palavras dele... http://corpodormente.blogspot.com/

regresso...


'Conheço a cidade, tão calma e serena 
Despertando ilusões… Saio pr’á rua, vestida de negro 
Cantando lindas canções. E até a Sé, segreda baixinho 
À lua que tão alto está… 
Que bom ver a Guarda, a neve tão linda 
E ouvir a Egitúnica cantar…'

É sempre tão bom voltar!E apesar das mudanças óbvias e perfeitamente normais, continua a sensação que nada mudou e que o nosso lugar permanece assim...nosso!

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

for you...

I shall drink one day All the tears you’ve dropped You are my night, my day You shall be always in eternity Part of my thought

terça-feira, 24 de outubro de 2006

sonhar...

"Se não fosse o sonhar sempre, o viver num perpétuo alheamento, poderia, de bom grado, chamar-me um realista, isto é, um indivíduo para quem o mundo exterior é uma nação independente. Mas prefiro não me dar nome , ser o que sou com uma certa obscuridade e ter comigo a malícia de me não saber prever."

Bernardo Soares in Livro do Desassossego

inverno

A chuva cai insistentemente… esta luz cinzenta fere-me os olhos e faz-me sonhar… sonhar e imaginar os dias frios de Inverno que não tardam a chegar, que me arrefecem o corpo, mas me aquecem a alma! Sempre gostei da sensação de frio, dos cachecóis enrolados no pescoço, dos casacos de lã que me enrolam num abraço, das mantas que acumulo em cima do sofá, á espera, impacientemente, para serem usadas, dos lençóis azuis escuros com estrelas e luas que os iluminam num branco incandescente e me fazem sonhar… Comecei a existir no início da primavera, mas são os Invernos, os constantes Invernos frios, chuvosos, que nos fazem bater o dente de tanto tremer, que me fazem sentir viva! Desabafos de um dia chuvoso… um dia lindo!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

preguiça!

Já não me recordo de ter vontade (e paciência) para escrever aqui… Aos poucos que gostam de me ler, apresento as minhas desculpas :)

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

para ti...

Para que lugar longínquo partiste, meu eterno anjo e protector? Por que estrelas caminhas, quantos sóis vês nascer perto de ti? Quantas luas iluminam o teu ser? Queria poder ter voado contigo, quando foste embora sem oportunidade de dizer adeus, sem tempo para despedidas, para um último olhar, um último abraço… um primeiro “amo-te”… nunca tive coragem para o dizer, apesar de tê-lo sentido sempre, em todos os momentos da minha vida… mesmo quando te gritei “odeio-te”! Agora… odeio o tempo por te ter levado, odeio o mundo por ter perdido alguém como tu… odeio-me por não te ter pedido perdão vezes suficientes… No dia que partiste entendi finalmente o verdadeiro significado da velha expressão “só damos valor às coisas quando as perdemos…” Desculpa… pelos abraços que não te dei…. Desculpa… pelas palavras que te feriram… Desculpa… pela minha falta de tempo para ti… Agora tenho sempre tempo para falar contigo… horas e horas a fio, se assim me apetecer, à noite quando me deito. Agora, agora que talvez já não me ouças, agora converso contigo, choro para ti e digo-te “amo-te” antes de adormecer… Consegues ouvir-me? Sentes-me triste? Sentes a minha felicidade? Porque é que só agora tenho coragem para falar, para contar-te as mais patéticas coisas? Porquê? Porque partiste… e só agora te dou valor… Perdoa-me… perdoa-me por tudo o que fiz... por tudo o que não fiz… AMO-TE… para sempre… Até logo…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

today I'm feeling pink...

Hoje acordei diferente...
por vezes as preocupações desvanecem-se com uma noite bem dormida.
Afinal, a almofada é a nossa melhor conselheira... ouvi dizer...
Existem dias assim, como o de ontem, em que o pessismo impera e o negrume toma conta de todo o nosso ser e nos assola... e nos ensombra... e nos assombra...
Mas os sonhos de hoje fizeram acordar-me com outra perspectiva, com outra visão...
Não estou feliz... não estou triste... estou bem...
estou PINK :)

terça-feira, 10 de outubro de 2006

...

http://www.howardschatz.com/ tanta beleza... tanta vida numa imagem tão simples...

today I'm feeling blue...very blue...

Hoje acordei assim… desiludida com a vida, magoada com as pessoas, com a cara inchada e os olhos rasgados… dói muito ter expectativas e acordar para uma realidade muito diferente da que esperávamos encontrar… dói muito adormecer com receio de não acordar… ou será com desejo de não acordar?! E hoje acordei assim… estou triste, estou cansada, exausta de acreditar em tudo e todos, saturada de crer que o mundo não é o que parece e que podemos fazer dele o que quisermos… era tão bom se assim fosse… se tivéssemos o poder de escolha… E hoje acordei assim, como há muito não acordava… acordei sobressaltada, sonhei sonhos que jamais imaginei sonhar e tive medo… tive medo de percorrer a casa e descobrir que era verdade aquilo que tinha acabado de viver… mas não foi… e continuo assim… não sei como, não sei porquê… Há dias assim, não há? Há dias em que tudo nos parece aterrador, pavoroso… há dias em que não devíamos sair de casa, do nosso asilo, do nosso refugio… hoje tenho medo… tenho muito medo… e ainda faltam 3 dias para sexta-feira 13… :) 

Sonho. Não sei quem sou neste momento 
Sonho. Não sei quem sou neste momento. 
Durmo sentindo-me. Na hora calma 
Meu pensamento esquece o pensamento, 
Minha alma não tem alma. Se existo é um erro eu o saber. 
Se acordo Parece que erro. Sinto que não sei. 
Nada quero nem tenho nem recordo. Nao tenho ser nem lei. 
 Lapso da consciência entre ilusões, 
Fantasmas me limitam e me contem. 
Dorme insciente de alheios corações, Coração de ninguém. 
  Fernando Pessoa

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

poema dos olhos da amada

'Ó minha amada Que olhos os teus 
São cais noturnos Cheios de adeus 
São docas mansas Trilhando luzes 
Que brilham longe Longe dos breus... 
Ó minha amada Que olhos os teus 
Quanto mistério Nos olhos teus Quantos saveiros 
Quantos navios Quantos naufrágios 
Nos olhos teus... Ó minha amada 
Que olhos os teus Se Deus houvera 
Fizera-os Deus Pois não os fizera 
Quem não soubera Que há muitas era Nos olhos teus. 
Ah, minha amada De olhos ateus 
Cria a esperança Nos olhos meus 
De verem um dia O olhar mendigo 
Da poesia Nos olhos teus.'  
Vinícius de Morais

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Pior Velhice

Sou velha e triste. Nunca o alvorecer 
Dum riso são andou na minha boca! 
Gritando que me acudam, em voz rouca, 
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer! 

A Vida, que ao nascer, enfeita e touca 
De alvas rosas a fronte da mulher, 
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer! 

E dizem que sou nova... A mocidade 
Estará só, então, na nossa idade, 
Ou está em nós e em nosso peito mora?! 

Tenho a pior velhice, a que é mais triste, 
Aquela onde nem sequer existe 
Lembrança de ter sido nova... outrora...

Florbela Espanca

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Gosto e não gosto Parte II

… Gosto do preto e do cor-de-rosa, gosto de ter medo das ondas do mar e do friozinho na barriga que elas provocam em mim… Gosto de velhos de mãos dadas, sentados num banco de jardim a ver o tempo passar, a viver recordações… o amor deveria ser assim… Gosto de calças de ganga e casacos de lã, gosto do frio e de edredões quentinhos… Gosto de batatas fritas e moelas com miolo de camarão… Gosto do cinzento do céu e do som ensurdecedor dos trovões… gosto de tempestades e da chuva a bater nos telhados… Gosto de fotografias a preto e branco e de sorrisos sinceros… Gosto do meu “cocktail” e de dizer adeus a quem encontro na rua sem ter necessidade de dizer mais nada…. Gosto de estrelas e da lua cheia… gosto das noites iluminadas por duas almas que se complementam… Gosto de brincar com os meus caracóis e de sorrir ao espelho… gosto de me sentir feliz a teu lado… Gosto que cozinhes para mim e me chames flor… gosto que gostes de mim, meu único e grande amor… Gosto de leite com chocolate de torradas acabadas de fazer… Gosto de cachecóis coloridos e de sentir o vento empurrar-me os cabelos para trás… Gosto de poesia e de frases soltas proferidas por pessoas que dizem o que sentem… Gosto de Fernando Pessoa e de Margarida R. Pinto… gosto dos poemas que me escreves… Gosto de ter um diário, meu, só meu… às vezes o papel “entende-nos” muito melhor que certas pessoas… Gosto de ter saudades da Guarda e de saber que aproveitei sempre ao máximo, errando, aprendendo, voltando a errar… e crescendo! Gosto de estar aqui, nesta terra que pensei ter abandonado… e a qual não consegui deixar… aqui sou feliz!!! Não gosto que me buzinem 1 milésimo de segundo depois do sinal ficar verde, não gosto de impaciência! Não gosto de autoritarismo nem de prepotências… não gosto que gritem comigo (para isso já basto eu…) Não gosto de não gostar de telefonar aos amigos que estão longe, quando a saudade aperta… o telefone é tão impessoal… Não gosto de não gostar de desabafar e gostar apenas de ouvir… Não gosto de adormecer sem te dar um beijo e dizer que te amo… não gosto de ter a cama só para mim… Não gosto de olhar para o calendário e ver que o ano está perto do fim e perceber que tanto ficou por fazer, por dizer… não gosto que amanheça tão depressa… Não gosto de não ter tantas recordações da minha infância quanto gostaria… a memória prega-nos partidas assim… pode ser que esta lista infindável de gostos tenha continuação… ou não… já disse tanta coisa…. Até à próxima…

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Gosto e não gosto

...a pedido da Sara – porque só a Sara é que me mete nestas coisas – aqui vai… Gosto…
Gosto de te sentir aqui, de acordar a teu lado… gosto de sorrir, de rir, de brincar, de recordar tempos felizes… gosto de sonhar! Gosto dos meus amigos, gosto de passear de mãos dadas, de adormecer encostada no teu ombro a ver um programa chato na tv… mas gosto de estar ao teu lado… Gosto da solidão e da tua companhia, gosto de escrever, de ler, de falar… gosto de ouvir! Gosto do Inverno, de meias grossas e pijamas de flanela… gosto de sentir o vento bater-me na cara e andar pela rua, perdida nos meus pensamentos…
Gosto de andar descalça pela casa e sentir o chão frio...
Gosto de olhar as estrelas no céu... longe... e sentir que podia estar lá... Gosto que me abraces e me dês beijos na ponta do nariz! Gosto que me afagues o cabelo como me faziam quando era criança… gosto de mimo! Gosto de ti… Gosto de toda a gente… gosto de sinceridade, de frontalidade… gosto de ser directa! Gosto da noite, gosto de dormir horas a fio sem ter de me preocupar com as horas a que terei de acordar! Gosto de sentir a brisa do vento nocturno entrar pelas frestas da persiana…só para me dizer boa noite…. Gosto da minha casa, do meu espaço, das coisinhas que compro a meu gosto… Gosto da minha mãe, dos traços da cara dela que uma vida inteira marcou! É linda, a minha mãe… gosto de recordar o meu pai…o único e verdadeiro amigo que já tive… gosto das lágrimas que a saudade me faz derramar… Gosto da Gardunha que me viu nascer… e me permite respirar o pouco verde que ainda existe! Gosto… Não gosto...
Não gosto de hipocrisia, de mentiras, de traições, de mesquinhez, de sorrisos falsos e palavras forçadas… Não gosto que me faças chorar… Não gosto do meu dia a dia… não gosto de viver a vida consoante convicções de outrem… não gosto que mandem em mim… Não gosto do Verão nem do calor… não gosto de me sentir presa a um só lugar… há tantos que gostaria de conhecer… Não gosto de me sentir observada (mas gosto que olhes para mim…) Gosto de tudo … não gosto de nada… Sou assim… um ponto de interrogação neste universo de questões sem resposta…

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

city of angels

"You knew there would always be a spring, as you knew the river would flow again after it was frozen. When the cold rains kept on and killed the spring, it was as though a young person had died for no reason."
Ernest Hemingway in a Moveable Feast
...este é um daqueles momentos únicos, de filmes únicos que ficam para sempre na nossa memória... pelo menos na minha...

terça-feira, 26 de setembro de 2006

O tempo II

As horas, os dias, os meses, os anos… passam sem que possamos fazer nada para o impedir! Aqueles momentos que desejamos que pudessem durar mais uns instantes são aqueles que passam mais rapidamente, são aqueles que voam, que correm… sem nos darem hipóteses de podermos apanhá-los… Sinto-me impotente por estar aqui, a olhar para o relógio que estagna quando o meu desejo é que ele ande mais depressa do que normalmente acontece… Sinto-me presa por ver que ainda há sol lá fora, por ouvir apenas o silêncio destas paredes ocas, frias e inertes e ter de estar aqui… aqui fechada, aqui enclausurada… aqui a perder-me de dia para dia… Tenho medo, tenho muito medo de chegar àquele ponto (do qual me aproximo cada vez mais) em que já não consiga reconhecer-me…
Tenho medo de um dia não ser capaz de criar coisa alguma, de perder a capacidade de sonhar…
…”Quantas vezes os tenho ouvido dizer a mesma frase que simboliza todo o absurdo, todo o nada, toda a inconsciência falada das suas vidas. É aquela frase que usam de qualquer prazer material: «é o que a gente leva desta vida»... Leva onde? leva para onde? leva para quê? Seria triste despertá-los da sombra com uma pergunta como esta... Fala assim um materialista, porque todo o homem que fala assim é, ainda que subconscientemente, materialista.”…
Fernando Pessoa in Livro do Desassossego Quando um dia tiver de me despedir da vida, quando chegar aquele momento crucial de fechar os olhos para sempre, quero poder ter direito a um minuto de reflexão… quero poder olhar para a vida que vivi e sentir que VIVI e não somente que me fizeram viver… que me fizeram sobreviver mediante a vontade de outros… e não a minha vontade, o meu querer! Quero sentir que não levo arrependimentos, tristeza por não querer ter aproveitado mais um bocadinho… Quero VIVER… apenas e somente isso!!!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

a uma AMIGA

Até quando terás, minha alma, esta doçura, este dom de sofrer, este poder de amar, a força de estar sempre – insegura – segura como a flecha que segue a trajetória obscura, fiel ao seu movimento, exata em seu lugar...?
Cecília Meireles
Foi este um dos poemas que uma amiga minha deixou gravado numa das minhas várias fitas de final de curso… Sempre me conheceu, sempre fez de tudo para que eu mudasse, para que eu deixasse de permitir que me pisassem, que tomassem decisões por mim, que não me deixassem ser autónoma! Está longe, agora… mas a distância só existe se as pessoas assim o quiserem, se permitirem que os quilómetros sejam maiores que a amizade, que o que ficou para trás, que o que nos fez partilhar tudo e mais um tanto com alguém que, com a maior sinceridade que existe, nos fez abrir os olhos para uma realidade que apenas nós não conseguíamos ver… A minha amiga, a minha grande amiga… faz-me tanta falta… os serões de conversas, de partilhas de vivências, de risos, de lágrimas, de alegrias e tristezas… de noites intermináveis de boémia, de momentos sérios e marcantes… a minha amiga… está longe… e eu sinto-a aqui tão perto… por mais tempo que possamos estar sem nos vermos, por mais meses que estejamos sem pegar no telefone para ouvir a voz uma da outra… são amigos como tu, que ficam sempre presentes nas nossas vidas, que são parte integrante da nossa existência… obrigada por tudo, amiga! Obrigada a ti e a todos os amigos que se cruzaram no meu caminho… e jamais mudaram de direcção…
"Lá num país cheio de cor Nasceu um dia uma abelha tão conhecida pela amizade pela alegria e pela bondade Todos lhe chamam a pequena abelha Maia..."
Ainda não tinha feito aqui uma “homenagem” ao bichinho que me acompanhou durante a minha infância… é nestes momentos, em que a lembrança nos transporta para os momentos únicos daqueles tempos, que sou inundada por memórias felizes, por momentos de lucidez… sim, porque sinto que naquela altura (em que nada sabia) tinha mais certezas do que fazia, do que neste momento…

terça-feira, 5 de setembro de 2006


'Tenho pena e não respondo. ~
Mas não tenho culpa enfim 
De que em mim não correspondo 
Ao outro que amaste em mim. 
Cada um é muita gente. 
Para mim sou quem me penso, 
Para outros - cada um sente 
O que julga, e é um erro imenso. 
Ah, deixem-me sossegar. 
Não me sonhem nem me outrem. 
 Se eu não me quero encontrar, 
 Quererei que outros me encontrem?'

 F. Pessoa

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

O tempo I

O Tempo... Aqui perco anos, perco vida, perco momentos, perco raios de sol, gotas de chuva, a sombra das árvores que crescem e envelhecem lá fora… Aqui sinto-me enclausurada, privada de ar puro e de convivência… Aqui definho a cada dia que passa, a cada minuto que poderia estar noutro sítio, em outro sítio qualquer, onde o vento me esfriasse a cara e me aquecesse a alma… Aqui não sou eu, sou apenas e somente quem querem que eu seja, sou apenas um estereotipo criado para poder estar Aqui… É difícil termos de crescer, de amadurecer, de depender de nós e olharmos para o passado com lágrimas presas por detrás dos olhos, com saudades, com desejo de que o tempo fique preso naquele momento em que a única certeza que possuíamos era de que não sabíamos de nada que nos pudesse fazer mal! Éramos invencíveis, incontroláveis, éramos felizes porque a realidade em que vivíamos nos permitia ser assim… donos da nossa alma, mestres das nossas acções… senhores do nosso nariz… O tempo, esse, jamais volta atrás… é a lei da vida, dizem… E sim, é essa lei que prevalece! Porque os momentos que gostaríamos de ver repetidos, os erros que gostaríamos de poder corrigir, as pessoas que poderíamos ter conhecido, um olhar que poderíamos ter lançado… perderam-se no tempo, ficaram presos no passado e é neste presente que temos de aprender a aceitar essa realidade, para que no futuro possamos aproveitar tudo, tudo até ao limite que o nosso ser nos permitir… CARPE DIEM CAUSE MEMENTO MOI!

Tabacaria


Não sou nada. Nunca serei nada. 
Não posso querer ser nada. 
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. 
Janelas do meu quarto, 
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é 
(E se soubessem quem é, o que saberiam?), 
Dais para o mistério de uma rua cruzada 
constantemente por gente, 
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, 
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, 
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, 
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, 
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. 
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. 
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, 
E não tivesse mais irmandade com as coisas 
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua 
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada 
De dentro da minha cabeça, 
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. 
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. 
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo 
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, 
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. 
Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. 
A aprendizagem que me deram, 
Desci dela pela janela das traseiras da casa. 
Fui até ao campo com grandes propósitos. 
Mas lá encontrei só ervas e árvores, 
E quando havia gente era igual à outra. 
Saio da janela, sento-me numa cadeira. 
Em que hei de pensar? 
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? 
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! 
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! 
Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, 
E a história não marcará, quem sabe?, nem um, 
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. 
Não, não creio em mim. 
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! 
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? 
Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo 
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? 
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - 
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, 
E quem sabe se realizáveis, 
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? 
O mundo é para quem nasce para o conquistar 
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. 
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. 
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, 
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. 
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, 
Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; 
Serei sempre só o que tinha qualidades; 
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, 
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, 
E ouviu a voz de Deus num poço tapado. 
Crer em mim? Não, nem em nada. 
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente 
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, 
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. 
Escravos cardíacos das estrelas, 
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; 
Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, 
Saímos de casa e ele é a terra inteira, 
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. 
 (Come chocolates, pequena; Come chocolates! 
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. 
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. 
Come, pequena suja, come! 
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! 
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, 
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) 
 Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei 
A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. 
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, 
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro 
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas, 
E fico em casa sem camisa. 
 (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas, 
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, 
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, 
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, 
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, 
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, 
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê - 
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! 
Meu coração é um balde despejado. 
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco 
A mim mesmo e não encontro nada. 
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. 
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, 
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, 
Vejo os cães que também existem, 
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, 
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei e até cri, 
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. 
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, 
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses 
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); 
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo 
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente 
 Fiz de mim o que não soube E o que podia fazer de mim não o fiz. 
O dominó que vesti era errado. 
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. 
Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. 
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. 
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. 
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário 
Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo 
E vou escrever esta história para provar que sou sublime. 
 Essência musical dos meus versos inúteis, 
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse, 
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, 
Calcando aos pés a consciência de estar existindo, 
Como um tapete em que um bêbado tropeça 
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. 
 Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. 
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada 
E com o desconforto da alma mal-entendendo. 
Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos. 
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também. 
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, 
E a língua em que foram escritos os versos. 
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. 
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente 
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, 
Sempre uma coisa tão inútil como a outra, 
Sempre o impossível tão estúpido como o real, 
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, 
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. 
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) 
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. 
Semiergo-me enérgico, convencido, humano, 
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. 
 Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los 
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. 
Sigo o fumo como uma rota própria, 
E gozo, num momento sensitivo e competente, 
A libertação de todas as especulações 
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. 
 Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. 
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. 
 (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira 
Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. 
Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria 
(metendo troco na algibeira das calças?). 
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. 
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.) 
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. 
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo 
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, 
e o Dono da Tabacaria sorriu.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

a primeira vez

Não era desta forma que queria ter começado a escrever… Não era para ter sido assim, a primeira vez…:) Mas, bem vistas as coisas, também não era para ter criado um blog…e criei! Sempre fui muito comedida nas minhas palavras, nas palavras proferidas com outras pessoas. Sempre senti que apenas a caneta e o papel me compreenderiam, me fariam soltar tudo aquilo que tinha reprimido cá dentro! Nunca gostei de falar, sempre fui conhecida por “aquela que sempre ouviu”… e continuo assim, talvez cada vez mais, porque as pessoas que me fizeram mudar estão longe e sou demasiado comodista para pegar no telefone e ligar para aqueles que tão bem me conhecem… a Guarda ensinou-me muito, modificou-me muito, ajudou-me a sair daquela clausura onde sempre me escondi, para não ser descoberta, para ser anónima, para que ninguém visse para além do sorriso da Ana… o sorriso que sempre me acompanhou e muito escondeu… … to be continued… Work is calling me

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

eu queria...

Eu queria que o dia fosse noite e que a noite deixasse de existir... Eu queria saber tudo... e jamais ter de saber nada... Eu queria viver sempre rodeada de pessoas...mas o meu cantinho é tão mais confortável, tão mais acolhedor… tão mais meu que qualquer outro espaço que me pudesse ser oferecido… Eu queria poder escolher as decisões que tomo dia após dia, sem ter de pensar se não em mim… sem ter de ponderar as consequências… Eu queria voar… voar para longe… para os confins da terra… do universo… de tudo aquilo que é conhecido, de tudo aquilo que é habitado, poluído, adulterado! Eu queria estar sozinha quando é exactamente isso que quero! Sem ter de justificar, sem ter de ser criticada… Eu não queria viver aqui! Eu não queria viver em parte alguma… O meu espacinho, aquele que tanto prezo, o único cantinho onde me sinto protegida, onde me sinto eu, onde ninguém me conhece e me atormenta… vive dentro de mim! Está escondido no meu ser, na criança que guardo aqui, no ser inocente que já fui… na alma pura que me usurparam e levaram para longe… “Eu era feliz e ninguém estava morto…” … “Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, O que fui de coração e parentesco. O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... A que distância!... (Nem o acho...) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...”(F.P.) Ainda sou feliz… nos momentos em que me deixo embalar nas palavras de quem me ama, de quem me conhece, de quem me sente… sim, ainda sou feliz… mas quem queria que me embalasse, quem queria que me sentisse, já não sente, já não vive, já não sonha… quem sempre me embalou, quem melhor me conheceu… já não me olha com olhos de orgulho, com vontade de me abraçar, por pior que lhe tivesse corrido o dia… Mas ainda sou feliz… porque tenho a meu lado quem me conheça e me ame… tenho pessoas que dariam muito para que eu tivesse mais… Sim, sou feliz! Mas sou incompleta! Sou ainda aquela menina que jamais deixei morrer, que jamais consegui abandonar… Sou feliz, sou… e agradeço-te por me teres criado assim… e amo-te… sempre… estejas tu onde estiveres…