As horas, os dias, os meses, os anos… passam sem que possamos fazer nada para o impedir!
Aqueles momentos que desejamos que pudessem durar mais uns instantes são aqueles que passam mais rapidamente, são aqueles que voam, que correm… sem nos darem hipóteses de podermos apanhá-los…
Sinto-me impotente por estar aqui, a olhar para o relógio que estagna quando o meu desejo é que ele ande mais depressa do que normalmente acontece…
Sinto-me presa por ver que ainda há sol lá fora, por ouvir apenas o silêncio destas paredes ocas, frias e inertes e ter de estar aqui… aqui fechada, aqui enclausurada… aqui a perder-me de dia para dia…
Tenho medo, tenho muito medo de chegar àquele ponto (do qual me aproximo cada vez mais) em que já não consiga reconhecer-me…
Tenho medo de um dia não ser capaz de criar coisa alguma, de perder a capacidade de sonhar…
…”Quantas vezes os tenho ouvido dizer a mesma frase que simboliza todo o absurdo, todo o nada, toda a inconsciência falada das suas vidas. É aquela frase que usam de qualquer prazer material: «é o que a gente leva desta vida»... Leva onde? leva para onde? leva para quê? Seria triste despertá-los da sombra com uma pergunta como esta... Fala assim um materialista, porque todo o homem que fala assim é, ainda que subconscientemente, materialista.”…
Fernando Pessoa in Livro do Desassossego
Quando um dia tiver de me despedir da vida, quando chegar aquele momento crucial de fechar os olhos para sempre, quero poder ter direito a um minuto de reflexão… quero poder olhar para a vida que vivi e sentir que VIVI e não somente que me fizeram viver… que me fizeram sobreviver mediante a vontade de outros… e não a minha vontade, o meu querer! Quero sentir que não levo arrependimentos, tristeza por não querer ter aproveitado mais um bocadinho…
Quero VIVER… apenas e somente isso!!!
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