quinta-feira, 30 de novembro de 2006

...

Hoje, quando vinha a caminho do trabalho, encontrei dois velhinhos, sentados num banco de jardim, de mãos dadas… sorri! Pensei de mim para mim que um dia, quando for assim (se chegar a ser assim) quero ter alguém com quem partilhar os dias preenchidos de vazio, repletos de memórias de tempos idos, a olhar as pessoas passarem com pressa para chegar a lado algum. Tão atarefadas nas suas vidas sem tempo sequer de observar que ainda existem pessoas com nós… que o amor eterno não é uma utopia… Quero, quero mesmo envelhecer com alguém que tenha paciência para os meus devaneios de idade avançada, para os meus regressos no tempo constantes… para as saudades que sentirei do que viverei, do que vivo neste momento… Quero recordar, quero ser permitida de recordações… Quero poder sentar-me, num banco de jardim numa tarde como a de hoje, com um sol escondido por entre as nuvens, a olhar quem passa, a olhar para quem está ao meu lado, de dedos entrelaçados nos meus, de olhos perdidos no vazio, de olhos abertos para quem passa… quero amar assim… quero poder ser amada assim…

homenagem


'Ao longo da muralha que habitamos 
Há palavras de vida há palavras de morte 
Há palavras imensas, que esperam por nós 
E outras frágeis, que deixaram de esperar 
Há palavras acesas como barcos 
E há palavras homens, palavras que guardam 
O seu segredo e a sua posição'

  Mário Cesariny (1923 – 2006)

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

está um frio de rachar cada ossinho do nosso corpo...
e um sol de ferir os olhos...
estranho....
bem-vindo INVERNO!!!!

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

a vida não chega...

Dois lírios sobre a mesa Uma janela aberta sobre o mar Trago em mim uma certeza De quem espera pelo teu voltar Um cheirinho a café Fotografias caídas pelo chão E no ar uma canção Traz-me uma recordação Tenho um poema escrito Guardado num lugar perto do mar Tenho o olhar no infinito E suspiro devagar O tempo aqui parou Desde que te foste embora Só a saudade ficou Já não aguento tanta demora Tenho tanto por dizer Tanto por te contar Que a vida não chega Tenho o céu e tenho o mar E tanto pata te dar Que a vida não chega Tenho tanto por dizer Tanto por te contar Que a vida não chega Tenho o céu e tenho o mar E sei que vou te amar Para a eternidade… Viviane
boa semana (mais PEQUENA que as outras) para todos... :)

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

no words...

alguém...

A ferocidade do vento faz os poucos ramos folhados balouçar… o seu som estridente empurra as janelas, como um homem louco a tentar entrar, uma entrada forçada, uma entrada exigida… Milhares de pessoas vêem tudo o que possuem ser levado pelas águas que passam e arrastam tudo o que se atravessa no seu caminho… Hoje à noite, quando estivermos sentados, confortavelmente, no sofá, alheios a tudo o que se passa lá fora, veremos essa mesma realidade… essa crueldade meteorológica, essas mães que gritam, esses filhos que choram, esses pais impotentes perante tamanha destruição… E nós, no recanto do nosso lar… assistimos, sentimos, vertemos lágrimas, suspiramos de alívio por estarmos longe… O HOMEM É COMPLETAMENTE IMPOTENTE PERANTE A VONTADE DE… alguém… completamente…

Algum Dia (Hás-de Morrer Assim)

(Fado dos Sentidos)
Trazes pressa no olhar
Trazes rugas junto à lua 
Promessas de não faltar 
Naquela esquina da rua 
És um homem perseguido 
Pelo medo que te apavora 
Hora a hora mais sentido 
No amor que te devora 
Aprendi a amar-te assim 
És meu fado hoje e sempre 
Querido à beira do fim 
Quase a tempo atentamente 
E damos voltas no chão 
Até que a luz fica fria 
De não em sim, de sim em não 
Hás-de ser meu algum dia 
E damos voltas no chão 
Até que a luz fica fria 
De não em sim, de sim em não 
Hás-de ser meu algum dia
Jorge Palma

rainy days

apetecia-me dançar à chuva e gritar, gritar bem alto....
já é sexta-feira!!!!
(a gripe que teria posteriormente não interessa, o importante é desabafar no momento em que sentimos...)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Cansaço

Não consigo encontrar outra palavra para descrever o que sinto…cansaço! De tudo, de todos, de mim… estou cansada…ontem, hoje, tal como amanhã estarei… Antes, quando era livre para fazer tudo o que queria, quando dependia de todos (excepto de mim mesma), quando corria sem me cansar, quando não temia nada nem ninguém… nesse tempo (que, agora olhando para trás, acho tão longínquo) não dava valor às pequenas coisas que hoje significam tanto para mim; que, no fim do dia, me sabem tão bem, me fazem tão maravilhosamente bem… caminhar ou conduzir de regresso a casa é a minha parte preferida do dia… é aí que encontro conforto, paz, sossego, carinho, amparo, mimo… (gosto taaaaaanto de mimo!)… é aí que o meu pijama me espera à espera de ser aquecido, à espera para me confortar o corpo cansado e oprimido do resto do dia… Neste momento é só isso que me reconforta… saber que (mais tarde ou mais cedo) vou para casa… até amanhã…

'Tem sempre presente, que a pele se enruga, 
Que o cabelo se torna branco, 
Que os dias se convertem em anos, 
Mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções 
Não têm idade.
Teu espírito é o espanador 
De qualquer teia de aranha. 
 Atrás de cada linha de chegada, 
há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio. 
Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. 
Se sentes saudades do que fazias, Torna a fazê-lo. 
 Não vivas de fotografias amarelecidas. 
Continua, apesar de todos esperarem que abandones
Não deixes que se enferruje 
O ferro que há em você. 
 Faz com que em lugar de pena, te respeitem.
Quando pelos anos não consigas correr, trota. 
Quando não possas trotar, caminha. 
Quando não possas caminhar, usa bengala. Mas Nunca te Detenhas!' 
Madre Teresa de Calcutá

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém. Essas coisas todas - Essas e o que faz falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço. Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço... Álvaro de Campos

dói...

as cicatrizes são um verdadeiro relógio do tempo... um relógio que magoa, magoa muito...:(

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Do not go gentle into that good night

Do not go gentle into that good night, Old age should burn and rave at close of day; Rage, rage against the dying of the light. Though wise men at their end know dark is right, Because their words had forked no lightning they Do not go gentle into that good night. Good men, the last wave by, crying how bright Their frail deeds might have danced in a green bay, Rage, rage against the dying of the light. Wild men who caught and sang the sun in flight, And learn, too late, they grieved it on its way, Do not go gentle into that good night. Grave men, near death, who see with blinding sight Blind eyes could blaze like meteors and be gay, Rage, rage against the dying of the light. And you, my father, there on the sad height, Curse, bless me now with your fierce tears, I pray. Do not go gentle into that good night. Rage, rage against the dying of the light.
Dylan Thomas

"He wishes for the Cloths of Heaven"

"Had I the heavens' embroidered cloths, 
Enwrought with golden and silver light, 
The blue and the dim and the dark cloths 
Of night and light and the half-light, 
I would spread the cloths under your feet: 
But I, being poor, have only my dreams; 
I have spread my dreams under your feet; 
Tread softly because you tread upon my dreams." 

William Butler Yeats (sara: na versão original é muito mais profundo...)

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

rotina, inimiga rotina

Falta-me inspiração… faltam-me emoções para poder descrever… aventuras para conseguir narrar… pensamentos para transpor para aqui… a minha vida ganhou aquela rotina que sempre temi, que jamais me imaginei ter… mas tenho, tal como a maioria dos comuns dos mortais! E já é segunda-feira… mais uma semana que vai acontecer, igual a tantas outras, diferente como nenhuma… mais cinco dias de nada de novo, de possibilidade alguma de criação… Durante a semana não tenho tempo nem paciência para mim... muito menos para quem quer que seja… Odeio o despertador… odeio a luz que me ofusca os olhos, quando os sonhos ainda se escondem por detrás deles… quando ainda é cedo demais para me abandonarem… os sonhos… a presença de quem me ama… o calor, o descanso, a falta de luz… o sono… Tenho de esperar que sábado chegue… contando minuto a minuto… para que chegue o meu sossego, a minha paz, para poder e fazer companhia a quem mais quero… para ser “eu” outra vez… Até… um dia destes!

listen and feel...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

...

"há no mundo inteiro uma, quando muito, rua difícil de encontrar..."

artolas...

...é a palavra que melhor define os funcionários da Segurança Social...e sei o que estou a dizer!falei com 5 ou 6... e eram todos assim...ARTOLAS!!!!

RECADO

ouve-me que o dia te seja limpo 
e a cada esquina de luz possas recolher alimento 
suficiente para a tua morte 
 vai até onde ninguém te possa falar ou reconhecer - 
vai por esse campo de crateras extintas - 
vai por essa porta de água tão vasta quanto a noite 
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te e 
as loucas aveias que o ácido enferrujou 
erguerem-se na vertigem do voo - 
deixa que o outono traga os pássaros e as abelhas 
para pernoitarem na doçura do teu breve coração - 
ouve-me que o dia te seja limpo e para lá da pele 
constrói o arco de sal a morada eterna - 
o mar por onde fugirá o etéreo visitante 
desta noite não esqueças o navio carregado 
de lumes de desejos em poeira - não esqueças o ouro o marfim - 
os sessenta comprimidos letais ao pequeno-almoço 

 Al Berto (1948-1997)

CHEGOU!!!

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

...

"Há lugares de onde se tira a prata e lugares onde se purifica o ouro..."
(retirado de um cartão de Boas Festas...:)

Opiário

(Ao senhor Mário de Sá-Carneiro) É antes do ópio que minha alma é doente. Sentir a vida convalesce e estiola E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente. Esta vida de bordo há-de matar-me. São dias só de febre na cabeça E, por mais que procure até que adoeça, Já não encontro a mola pra adaptar-me. E por mecanismo de desastres, Uma engrenagem com volantes falsos, Que passo entre visões de cadafalsos Num jardim onde há flores no ar, sem hastes. Ao toque adormecido da morfina Perco-me em transparências latejantes E numa noite cheia de brilhantes Ergue-se a Lua como a minha Sina. Eu, que fui sempre um mau estudante, agora Não faço mais que ver o navio ir Pelo canal de Suez a conduzir A minha vida, cânfora na aurora. Perdi os dias que já aproveitara. Trabalhei para ter só o cansaço Que é hoje em mim uma espécie de braço Que ao meu pescoço me sufoca e ampara. Por isso eu tomo ópio. É um remédio. Sou um convalescente do Momento. Moro no rés-do-chão do pensamento E ver passar a vida faz-me tédio. Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim, Muito a leste não fosse o oeste já! Pra que fui visitar a Índia que há Se não há Índia senão a alma em mim? Levo o dia a fumar, a beber coisas, Drogas americanas que entontecem, E eu já tão bêbado sem nada! Dessem Mehor cérebro aos meus nervos como rosas. Escrevo estas linhas. Parece impossível! Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta! O facto é que esta vida é uma quinta Onde se aborrece uma alma sensível. Álvaro de Campos

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

plágio...descarado!

"Quero ter frio. As noites andam a acordar cedo demais.Antecede-se uma hora no relógio, mas duas no escritório da cabeça.Hoje em dia (mais hoje), faz-me falta obedecer a mais umas horas de luz.Duas, para ser mais preciso.O calor aperta-me o corpo em dias que eram feitos de malhas do fundo do armário e lareiras a estalar. Quero ter frio.Só um bocadinho, daquele que nos obriga a camisolas demasiado gordas.Quero ter robes depois do banho e meias quentes em vez de chinelos.A chuva só se devia fazer acompanhar de temperaturas rentes ao chão. A mais não é obrigada.Apetece-me fumegar da boca e perceber que se calhar devia ter trazido "qualquer coisa quentinha", como a minha mãe martelou pelo telefone.Quer ser sufocado por um cachecol.Queimar a barriga da lingua com chá de inverno, que só assim se chama pelo frio.E não.Escrevo-vos de t-shirt e chinelos. O fumo que me sai da boca faz-se acompanhar de demasiado alcatrão.Prefiro comer um troço da Marginal e ter o outro fumo.Amanhã sigo para o norte.Metereologia? "Temperatura prevista para amanhã no norte do país: 24 graus."Já nem digo nada. Só quero ter frio." faço minhas as palavras dele... http://corpodormente.blogspot.com/

regresso...


'Conheço a cidade, tão calma e serena 
Despertando ilusões… Saio pr’á rua, vestida de negro 
Cantando lindas canções. E até a Sé, segreda baixinho 
À lua que tão alto está… 
Que bom ver a Guarda, a neve tão linda 
E ouvir a Egitúnica cantar…'

É sempre tão bom voltar!E apesar das mudanças óbvias e perfeitamente normais, continua a sensação que nada mudou e que o nosso lugar permanece assim...nosso!

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

for you...

I shall drink one day All the tears you’ve dropped You are my night, my day You shall be always in eternity Part of my thought