Hoje, quando vinha a caminho do trabalho, encontrei dois velhinhos, sentados num banco de jardim, de mãos dadas… sorri!
Pensei de mim para mim que um dia, quando for assim (se chegar a ser assim) quero ter alguém com quem partilhar os dias preenchidos de vazio, repletos de memórias de tempos idos, a olhar as pessoas passarem com pressa para chegar a lado algum. Tão atarefadas nas suas vidas sem tempo sequer de observar que ainda existem pessoas com nós… que o amor eterno não é uma utopia…
Quero, quero mesmo envelhecer com alguém que tenha paciência para os meus devaneios de idade avançada, para os meus regressos no tempo constantes… para as saudades que sentirei do que viverei, do que vivo neste momento…
Quero recordar, quero ser permitida de recordações…
Quero poder sentar-me, num banco de jardim numa tarde como a de hoje, com um sol escondido por entre as nuvens, a olhar quem passa, a olhar para quem está ao meu lado, de dedos entrelaçados nos meus, de olhos perdidos no vazio, de olhos abertos para quem passa… quero amar assim… quero poder ser amada assim…
quinta-feira, 30 de novembro de 2006
...
Hoje, quando vinha a caminho do trabalho, encontrei dois velhinhos, sentados num banco de jardim, de mãos dadas… sorri!
Pensei de mim para mim que um dia, quando for assim (se chegar a ser assim) quero ter alguém com quem partilhar os dias preenchidos de vazio, repletos de memórias de tempos idos, a olhar as pessoas passarem com pressa para chegar a lado algum. Tão atarefadas nas suas vidas sem tempo sequer de observar que ainda existem pessoas com nós… que o amor eterno não é uma utopia…
Quero, quero mesmo envelhecer com alguém que tenha paciência para os meus devaneios de idade avançada, para os meus regressos no tempo constantes… para as saudades que sentirei do que viverei, do que vivo neste momento…
Quero recordar, quero ser permitida de recordações…
Quero poder sentar-me, num banco de jardim numa tarde como a de hoje, com um sol escondido por entre as nuvens, a olhar quem passa, a olhar para quem está ao meu lado, de dedos entrelaçados nos meus, de olhos perdidos no vazio, de olhos abertos para quem passa… quero amar assim… quero poder ser amada assim…
homenagem
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
a vida não chega...
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
alguém...
Algum Dia (Hás-de Morrer Assim)
Trazes pressa no olhar
Trazes rugas junto à lua
Promessas de não faltar
Naquela esquina da rua
És um homem perseguido
Pelo medo que te apavora
Hora a hora mais sentido
No amor que te devora
Aprendi a amar-te assim
És meu fado hoje e sempre
Querido à beira do fim
Quase a tempo atentamente
E damos voltas no chão
Até que a luz fica fria
De não em sim, de sim em não
Hás-de ser meu algum dia
E damos voltas no chão
Até que a luz fica fria
De não em sim, de sim em não
Hás-de ser meu algum dia
Jorge Palma
rainy days
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
quarta-feira, 22 de novembro de 2006
Cansaço
'Tem sempre presente, que a pele se enruga,
Que o cabelo se torna branco,
Que os dias se convertem em anos,
Mas o mais importante não muda!
Quando não possas trotar, caminha.
Quando não possas caminhar, usa bengala. Mas Nunca te Detenhas!'
Madre Teresa de Calcutá
O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Do not go gentle into that good night
"He wishes for the Cloths of Heaven"
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread upon my dreams."
William Butler Yeats (sara: na versão original é muito mais profundo...)
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
rotina, inimiga rotina
Falta-me inspiração… faltam-me emoções para poder descrever… aventuras para conseguir narrar… pensamentos para transpor para aqui… a minha vida ganhou aquela rotina que sempre temi, que jamais me imaginei ter… mas tenho, tal como a maioria dos comuns dos mortais!
E já é segunda-feira… mais uma semana que vai acontecer, igual a tantas outras, diferente como nenhuma… mais cinco dias de nada de novo, de possibilidade alguma de criação…
Durante a semana não tenho tempo nem paciência para mim... muito menos para quem quer que seja…
Odeio o despertador… odeio a luz que me ofusca os olhos, quando os sonhos ainda se escondem por detrás deles… quando ainda é cedo demais para me abandonarem… os sonhos… a presença de quem me ama… o calor, o descanso, a falta de luz… o sono…
Tenho de esperar que sábado chegue… contando minuto a minuto… para que chegue o meu sossego, a minha paz, para poder e fazer companhia a quem mais quero… para ser “eu” outra vez…
Até… um dia destes!sexta-feira, 17 de novembro de 2006
artolas...
RECADO
e a cada esquina de luz possas recolher alimento
suficiente para a tua morte
vai até onde ninguém te possa falar ou reconhecer -
vai por esse campo de crateras extintas -
vai por essa porta de água tão vasta quanto a noite
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te e
as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo -
deixa que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura do teu breve coração -
ouve-me que o dia te seja limpo e para lá da pele
constrói o arco de sal a morada eterna -
o mar por onde fugirá o etéreo visitante
desta noite não esqueças o navio carregado
de lumes de desejos em poeira - não esqueças o ouro o marfim -
os sessenta comprimidos letais ao pequeno-almoço
Al Berto (1948-1997)
quarta-feira, 15 de novembro de 2006
...
Opiário
(Ao senhor Mário de Sá-Carneiro)
É antes do ópio que minha alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.
Esta vida de bordo há-de matar-me.
São dias só de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça,
Já não encontro a mola pra adaptar-me.
E por mecanismo de desastres,
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.
Ao toque adormecido da morfina
Perco-me em transparências latejantes
E numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se a Lua como a minha Sina.
Eu, que fui sempre um mau estudante, agora
Não faço mais que ver o navio ir
Pelo canal de Suez a conduzir
A minha vida, cânfora na aurora.
Perdi os dias que já aproveitara.
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.
Por isso eu tomo ópio. É um remédio.
Sou um convalescente do Momento.
Moro no rés-do-chão do pensamento
E ver passar a vida faz-me tédio.
Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim,
Muito a leste não fosse o oeste já!
Pra que fui visitar a Índia que há
Se não há Índia senão a alma em mim?
Levo o dia a fumar, a beber coisas,
Drogas americanas que entontecem,
E eu já tão bêbado sem nada! Dessem
Mehor cérebro aos meus nervos como rosas.
Escrevo estas linhas. Parece impossível!
Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta!
O facto é que esta vida é uma quinta
Onde se aborrece uma alma sensível.
Álvaro de Campos
segunda-feira, 13 de novembro de 2006
plágio...descarado!
regresso...
Despertando ilusões… Saio pr’á rua, vestida de negro
Cantando lindas canções. E até a Sé, segreda baixinho
À lua que tão alto está…
Que bom ver a Guarda, a neve tão linda
E ouvir a Egitúnica cantar…'




