Ano novo, vida nova... é tudo o que desejamos no bater das 12 badaladas da meia-noite, não é? E tão bonito seria se os nossos desejos se realizassem... mas não. Continua tudo exatamente como estava no final de 2023 (em 5 dias pouco ou nada se pode mudar. Afinal, somos comuns mortais sem super poderes!).
Falei há uns tempos com uma amiga especial que me disse (tal como ele já me disse milhentas vezes!) que deveria encontrar alguma coisa que me fizesse sentir realmente bem, que me preenchesse e me fizesse sentir útil e mais feliz. Estas coisas não se forçam, fechamos os olhinhos e esperamos que nos caiam do céu! Talvez não, talvez se quiser realmente alguma coisa que me eleve para outro patamar, tenho de procurar e resignar-me à real necessidade de mudança, para que tudo à minha volta se viva num ambiente mais tranquilo, com menos discussões e mais paciência... com mais amor, como lhes prometi no dia em que nasceram!
Pensei em escrever... mas as palavras já não fluem como sempre fizeram... a espiral desenfreada até ao final de cada página já não revoluteia da minha mente para a ponta dos dedos. Sinto-me (tal como da última vez que escrevi) oca e vazia! E triste. Incompleta. Quebrada. Irremediavelmente quebrada.
Já não me recordo do momento em que todos estes sentimentos foram despoletados. Talvez a partida precoce do meu pai ou o nascimento repentino das minhas filhas. Talvez a galopante perda de visão da minha mãe ou as constantes desavenças com a minha irmã. Talvez o facto de passar os meus dias a lidar com crianças e adolescentes, a ter toda a calma e paciência do mundo para filhos de outros pais me roubar a calma e paciência que deveria ter para as minhas filhas. Talvez... tudo isto ou nada disto! Sou fraca e inconstante, talvez até um bocadinho bipolar! Sou alegre e contente e simpática... tanto como sou arrogante, resmungona e autoritária! Estou cansada de pessoas. Penso que basicamente será este o meu maior problema. Ou... talvez... esteja apenas cansada de mim e da forma como me habituei a viver, como me permiti acomodar à vidinha que tenho sem fazer esforço algum para alterar o que quer que seja!
Escrever sempre me limpou a alma, tal como chorar! E já há demasiado tempo que não faço uma coisa nem outra, verdadeiramente, de coração inteiro!
Ano novo... a mesma vida... os mesmos queixumes... a mesma monotonia nas palavras e nos sentimentos. A mesma apatia e a mesma revolta. Os mesmos gritos e os (cada vez menos existentes) sorrisos rasgados que sempre me caraterizaram. A Anita está a morrer e a Ana crescida está a permitir que isso aconteça! Saudades de me deitar com elas no chão de casa e me perder nos jogos e nas invenções delas. A escola (que acaba por ser mais uma desculpa!) rouba-nos demasiado tempo para sermos felizes, para brincarmos e sorrirmos, darmos abraços e vivermos na nossa bolha de amor! Não quero perder os sorrisos das minhas filhas e o olhar apaixonado do meu eterno namorado! E não quero perder a réstia da essência de meninice que ainda guardo em mim.
Em 2024 PROMETO... não prometo mas tentarei lutar por mim, cuidar de mim, amar-me... para ter força para o resto. É isto.