quarta-feira, 12 de junho de 2019

desafogo vespertino!

40 anos feitos há mais de 2 meses e tudo se mantém. a mesma rotina. a mesma insatisfação a nível profissional. o mesmo cansaço. a mesma falta de paciência. as mesmas discussões de final de dia. o mesmo mau-humor. esqueci-me (esqueço sempre!) das resoluções que fiz para este ano. passam nuvens cor-de-rosa fofinhas por cima de tudo o que penso ou idealizo e as promessas caem no esquecimento daquele céu longínquo onde em tempos sorria muito. sorria de e para tudo, para todos, até! hoje deambulo entre o caos que deixamos em casa (imaculado na hora de saída!) e um "trabalho" que me oferece prazeres efémeros... e depois passa. passa porque os projetos terminam e até que outro inicie passam horas e dias e semanas intermináveis. e há muito para fazer, há sempre muito com que ocupar o tempo. mas faço tudo rápido. tudo em mim é impulso. e o que poderia resultar num trabalho final fantástico, é meramente satisfatório. sempre fui assim, mediana por preguiça e comodismo. inteligente sou! sempre fui. mas pensar e fazer brilhar dá muito trabalho. ou até não. mas não me apetece. não estou para aí virada. ninguém reconhece! e o meu auto-reconhecimento deveria ser suficiente mas um "obrigado" sincero e um aplauso silencioso (a gratidão está nos olhos de quem a dá, quando a dá com sentido!) sabem tão bem. é um aconchego para a alma e um reconforto para o ego. depois, no final de mais um dia vazio, volto a casa. e nesses dias em que não dou nada de mim, porque já dei, antes, a correr, estão lá elas, as miúdas que querem a mãe para brincar, o colo da mãe para matar saudades ou para curar a rabugice e a mãe não está lá. está zangada com tudo e com todos e com o mundo e com tudo o que nele habita e mexe, menos com elas. mas são elas que estão lá e são elas que pagam. pagam numa moeda que jamais conseguirei pagar. jamais conseguirei compensar. o tempo não cala nem baixa o volume dos gritos que ecoaram nas paredes da nossa casa um dia, vários dias. demasiados. e choram. mas querem abraços. e fazem birras, mas querem-me na sala, com elas, entre jogos que as fazem felizes, entre "café... com leite, mãe?!" que me preparam com todo o amor que, naqueles minúsculos grandiosos corações sentem. e a mãe chora por dentro. esmorece a cada demonstração de amor e carinho. porque não há tempo. porque as miúdas têm de jantar e, porra pá!, esqueci-me de deixar alguma coisa a descongelar de manhã. e agora é tarde. e tem de se magicar alguma coisa a que elas não torçam o nariz. e depois chega ele com ânsia de nos ver. com saudades delas e de nós. e eu não deixo que brinque porque já é tarde e elas têm de jantar e os pratos já deviam estar na mesa e a sopa no microondas e eu não sou criada de ninguém. não senhora, pá! e ele não foi passear nem andar de bicicleta (que o faz tão feliz!). esteve a trabalhar onde também não é muito feliz mas dá para pagar contas e vivermos seguros. e eu quero 5 minutos de atenção, por entre o colo que elas pedem e o prato que jaz frente a elas sem ser tocado porque já passou da hora e as birras começam o início do final de dia. que devia ser em paz. e raramente é. e a hora de deitar chega cada vez mais tarde. porque queremos fazer tudo e porque elas nos querem um bocadinho. porque passam demasiadas horas sem nos ver e aquelas escassas horas são só nossas. e deveriam ser de gargalhadas e saltos em cima de cama, de banhos a borbulhar todo o espaço em volta e de olhos a brilhar porque, finalmente estamos todos juntos. mas, porra pá!, há sempre tanto para fazer. e eu, quero que fique sempre tudo feito antes de nos dedicarmos a elas, para que quando as adormecemos juntinho a nós, possamos dedicar-nos um ao outro. e o sono? ui! e as noites sem beijos de boa noite e um "amo-te muito" porque acabámos por ficar lá, junto a elas, embalados no calor delas? tantas noites. e o sofá fica ali, vazio e imaculado. sem nós. sem amor. e o amor está lá. em nós. em mim. nele. está lá sempre, mesmo por detrás das discussões. nos dias mesmo bons, o amor cheira-se a kms de distância. e cheira bem. sabe tão bem! saudades de sermos os dois, um do outro. jamais trocaria o que temos agora. um ao outro. elas. o lar. jamais. isto, apenas isto, apesar de parecer estar longe da realidade, é real. é sentido. o amor é sentido. por elas. por ele. O AMOR É SENTIDO! O AMOR É REAL! O AMOR SOMOS NÓS!!!!!!!!


Ah.... saudades de escrever sem sentido. escrever para me libertar. para respirar melhor.
vai ficar tudo bem. só preciso respirar. e escrever.
sou feliz, sim. muito.

Sem comentários: