quinta-feira, 2 de abril de 2015

Pai*

Hoje o dia é meu.... do alto dos meus 36 anos acabados de nascer, sinto saudades tuas há 15! Há 15 anos ainda te ouvi dizer "Parabéns, filha!"... e já não ouço! Não da voz do homem que me viu crescer e que em tanto contribuiu para me tornar na mulher que sou hoje! A mulher que deixaste menina... Obrigada pelos anos dedicados! Obrigada pela vida!*** 

"Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante
o sono - a ausência não te apaga como a bruma
sossega, ao entardecer, o gume das esquinas. Há nos
meus sonhos um território suspenso de toda a dor,
um país de verão aonde não chegam as guinadas 
da morte e todas as conchas da praia trazem pérola. Aí
nos encontramos, para dizermos um ao outro aquilo
que pensámos ter, afinal, a vida toda para dizer; aí te
chamo, quando a luz me cega na lâmina do mar, com
lábios que se movem como serpentes, mas sem nenhum
ruído que envenene as palavras: pai, pai. Contam-me
depois que é deste lado da noite que me ouvem gritar
e que por isso me libertam bruscamente do cativeiro
escuro desse sonho. Não sabem
que o pesadelo é a vida onde já não posso dizer o teu
nome - porque a memória é uma fogueira dentro
das mãos e tu onde estás também não me respondes."

4 comentários:

A Gata de Saltos Altos disse...

Não pude deixar de me comover com as palavras. Os anos passam, mas imagino que seja uma dor que fica para sempre.

Um beijinho e muita força *

http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

Kátia disse...

Sei bem como se sentes...Perdi o meu há 3 anos...E agradeço a Deus por ter passado mais tempo com ele.
Força sempre!
:-*

abelha maia disse...

Passa...a dor da perda acaba por passar! O que não passa é a saudade...e naqueles momentos em que 'só um pai entenderia' é quando mais se sente falta!

Do alto dos teus saltos, obrigada pelas palavras*

abelha maia disse...

Lamento muito Kátia. E a mesma força que me envias, eu envio-te a dobrar***