Estamos a aproximar-nos daquela altura do ano em que, quer queiramos quer não, acabamos por fazer avaliações (mais ou menos conscientes) do que vivemos desde janeiro. É época de resoluções e de promessas, de uma vontade desmesurada de mudar aquilo que correu menos bem (ou muito mal!) e de uma crença de que tudo vai ser diferente a partir do 1º de janeiro seguinte. E é aqui que eu paro. fecho os olhos. faço rewind na minha memória. e errei. errei tanto. aliás, erro cada vez mais. com os outros. com elas. com ele. comigo. não sou justa comigo. faço o que não quero e juro tantas vezes não voltar a fazer. grito e esperneio porque não me dão a atenção que (acho) que mereço. não me ouvem. e é normal, eu também deixaria de me ouvir!
E o que fazer para mudar tudo isto? nada. não preciso fazer nada, a não ser respirar que é o que o ser humano já faz com a naturalidade que lhe é inerente. R-E-S-P-I-R-A-R.
E deixar-me de merdas! penso que, basicamente, é isto. deixar de me preocupar tanto e viver mais. ser mais condescendente e menos crítica. contar até 10 (ou 100!) antes de abrir a boca. mas RESPIRAR engloba tudo isto. Há cerca de um ano já tinha consciência do que estou a escrever, até porque o escrevi... há 1, há 2 e há 3 anos. mudei? NÃO! vou mudar agora?! QUERO! quero muito viver em paz e fazer com que quem me rodeia viva da mesma forma. quero que as minhas filhas se lembrem de uma mãe feliz, cansada mas feliz. que se sentava com elas a fazer puzzles e a destruir plasticina. que rebolava com elas nos chão e lhes amparava as cambalhotas. que lhes curava as feridas e as tristezas com um beijo e um abraço. só isso. quero que, daqui a (espero!) muitos anos, depois de eu partir, parte da noite de natal delas seja a falar da mãe que era feliz e que lhes tornou a vida branda, a infância livre e lhes amorteceu as quedas, deixando-as sempre cair. a mãe-colo! quero ser recordada assim. não como sou hoje. não uma pessoa que se emociona com qualquer anúncio ou filme mais enternecedor que retrate o que a minha realidade deveria ser. quero ser a protagonista dos filmes a cores, dos filmes felizes. com lágrimas. com desilusões. com a cabeça levantada e o orgulho intacto! deixar o coração cheio a quem fica e a quem partilhou a vida comigo, de mão na mão... "até sermos velhinhos, sim?"
só tenho de respirar, não é?!
Então vá.... inspira. expira. inspira. expira. Vai... vai, sê e deixa os outros felizes!