terça-feira, 24 de outubro de 2006

sonhar...

"Se não fosse o sonhar sempre, o viver num perpétuo alheamento, poderia, de bom grado, chamar-me um realista, isto é, um indivíduo para quem o mundo exterior é uma nação independente. Mas prefiro não me dar nome , ser o que sou com uma certa obscuridade e ter comigo a malícia de me não saber prever."

Bernardo Soares in Livro do Desassossego

inverno

A chuva cai insistentemente… esta luz cinzenta fere-me os olhos e faz-me sonhar… sonhar e imaginar os dias frios de Inverno que não tardam a chegar, que me arrefecem o corpo, mas me aquecem a alma! Sempre gostei da sensação de frio, dos cachecóis enrolados no pescoço, dos casacos de lã que me enrolam num abraço, das mantas que acumulo em cima do sofá, á espera, impacientemente, para serem usadas, dos lençóis azuis escuros com estrelas e luas que os iluminam num branco incandescente e me fazem sonhar… Comecei a existir no início da primavera, mas são os Invernos, os constantes Invernos frios, chuvosos, que nos fazem bater o dente de tanto tremer, que me fazem sentir viva! Desabafos de um dia chuvoso… um dia lindo!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

preguiça!

Já não me recordo de ter vontade (e paciência) para escrever aqui… Aos poucos que gostam de me ler, apresento as minhas desculpas :)

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

para ti...

Para que lugar longínquo partiste, meu eterno anjo e protector? Por que estrelas caminhas, quantos sóis vês nascer perto de ti? Quantas luas iluminam o teu ser? Queria poder ter voado contigo, quando foste embora sem oportunidade de dizer adeus, sem tempo para despedidas, para um último olhar, um último abraço… um primeiro “amo-te”… nunca tive coragem para o dizer, apesar de tê-lo sentido sempre, em todos os momentos da minha vida… mesmo quando te gritei “odeio-te”! Agora… odeio o tempo por te ter levado, odeio o mundo por ter perdido alguém como tu… odeio-me por não te ter pedido perdão vezes suficientes… No dia que partiste entendi finalmente o verdadeiro significado da velha expressão “só damos valor às coisas quando as perdemos…” Desculpa… pelos abraços que não te dei…. Desculpa… pelas palavras que te feriram… Desculpa… pela minha falta de tempo para ti… Agora tenho sempre tempo para falar contigo… horas e horas a fio, se assim me apetecer, à noite quando me deito. Agora, agora que talvez já não me ouças, agora converso contigo, choro para ti e digo-te “amo-te” antes de adormecer… Consegues ouvir-me? Sentes-me triste? Sentes a minha felicidade? Porque é que só agora tenho coragem para falar, para contar-te as mais patéticas coisas? Porquê? Porque partiste… e só agora te dou valor… Perdoa-me… perdoa-me por tudo o que fiz... por tudo o que não fiz… AMO-TE… para sempre… Até logo…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

today I'm feeling pink...

Hoje acordei diferente...
por vezes as preocupações desvanecem-se com uma noite bem dormida.
Afinal, a almofada é a nossa melhor conselheira... ouvi dizer...
Existem dias assim, como o de ontem, em que o pessismo impera e o negrume toma conta de todo o nosso ser e nos assola... e nos ensombra... e nos assombra...
Mas os sonhos de hoje fizeram acordar-me com outra perspectiva, com outra visão...
Não estou feliz... não estou triste... estou bem...
estou PINK :)

terça-feira, 10 de outubro de 2006

...

http://www.howardschatz.com/ tanta beleza... tanta vida numa imagem tão simples...

today I'm feeling blue...very blue...

Hoje acordei assim… desiludida com a vida, magoada com as pessoas, com a cara inchada e os olhos rasgados… dói muito ter expectativas e acordar para uma realidade muito diferente da que esperávamos encontrar… dói muito adormecer com receio de não acordar… ou será com desejo de não acordar?! E hoje acordei assim… estou triste, estou cansada, exausta de acreditar em tudo e todos, saturada de crer que o mundo não é o que parece e que podemos fazer dele o que quisermos… era tão bom se assim fosse… se tivéssemos o poder de escolha… E hoje acordei assim, como há muito não acordava… acordei sobressaltada, sonhei sonhos que jamais imaginei sonhar e tive medo… tive medo de percorrer a casa e descobrir que era verdade aquilo que tinha acabado de viver… mas não foi… e continuo assim… não sei como, não sei porquê… Há dias assim, não há? Há dias em que tudo nos parece aterrador, pavoroso… há dias em que não devíamos sair de casa, do nosso asilo, do nosso refugio… hoje tenho medo… tenho muito medo… e ainda faltam 3 dias para sexta-feira 13… :) 

Sonho. Não sei quem sou neste momento 
Sonho. Não sei quem sou neste momento. 
Durmo sentindo-me. Na hora calma 
Meu pensamento esquece o pensamento, 
Minha alma não tem alma. Se existo é um erro eu o saber. 
Se acordo Parece que erro. Sinto que não sei. 
Nada quero nem tenho nem recordo. Nao tenho ser nem lei. 
 Lapso da consciência entre ilusões, 
Fantasmas me limitam e me contem. 
Dorme insciente de alheios corações, Coração de ninguém. 
  Fernando Pessoa

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

poema dos olhos da amada

'Ó minha amada Que olhos os teus 
São cais noturnos Cheios de adeus 
São docas mansas Trilhando luzes 
Que brilham longe Longe dos breus... 
Ó minha amada Que olhos os teus 
Quanto mistério Nos olhos teus Quantos saveiros 
Quantos navios Quantos naufrágios 
Nos olhos teus... Ó minha amada 
Que olhos os teus Se Deus houvera 
Fizera-os Deus Pois não os fizera 
Quem não soubera Que há muitas era Nos olhos teus. 
Ah, minha amada De olhos ateus 
Cria a esperança Nos olhos meus 
De verem um dia O olhar mendigo 
Da poesia Nos olhos teus.'  
Vinícius de Morais

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Pior Velhice

Sou velha e triste. Nunca o alvorecer 
Dum riso são andou na minha boca! 
Gritando que me acudam, em voz rouca, 
Eu, náufraga da Vida, ando a morrer! 

A Vida, que ao nascer, enfeita e touca 
De alvas rosas a fronte da mulher, 
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer! 

E dizem que sou nova... A mocidade 
Estará só, então, na nossa idade, 
Ou está em nós e em nosso peito mora?! 

Tenho a pior velhice, a que é mais triste, 
Aquela onde nem sequer existe 
Lembrança de ter sido nova... outrora...

Florbela Espanca

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Gosto e não gosto Parte II

… Gosto do preto e do cor-de-rosa, gosto de ter medo das ondas do mar e do friozinho na barriga que elas provocam em mim… Gosto de velhos de mãos dadas, sentados num banco de jardim a ver o tempo passar, a viver recordações… o amor deveria ser assim… Gosto de calças de ganga e casacos de lã, gosto do frio e de edredões quentinhos… Gosto de batatas fritas e moelas com miolo de camarão… Gosto do cinzento do céu e do som ensurdecedor dos trovões… gosto de tempestades e da chuva a bater nos telhados… Gosto de fotografias a preto e branco e de sorrisos sinceros… Gosto do meu “cocktail” e de dizer adeus a quem encontro na rua sem ter necessidade de dizer mais nada…. Gosto de estrelas e da lua cheia… gosto das noites iluminadas por duas almas que se complementam… Gosto de brincar com os meus caracóis e de sorrir ao espelho… gosto de me sentir feliz a teu lado… Gosto que cozinhes para mim e me chames flor… gosto que gostes de mim, meu único e grande amor… Gosto de leite com chocolate de torradas acabadas de fazer… Gosto de cachecóis coloridos e de sentir o vento empurrar-me os cabelos para trás… Gosto de poesia e de frases soltas proferidas por pessoas que dizem o que sentem… Gosto de Fernando Pessoa e de Margarida R. Pinto… gosto dos poemas que me escreves… Gosto de ter um diário, meu, só meu… às vezes o papel “entende-nos” muito melhor que certas pessoas… Gosto de ter saudades da Guarda e de saber que aproveitei sempre ao máximo, errando, aprendendo, voltando a errar… e crescendo! Gosto de estar aqui, nesta terra que pensei ter abandonado… e a qual não consegui deixar… aqui sou feliz!!! Não gosto que me buzinem 1 milésimo de segundo depois do sinal ficar verde, não gosto de impaciência! Não gosto de autoritarismo nem de prepotências… não gosto que gritem comigo (para isso já basto eu…) Não gosto de não gostar de telefonar aos amigos que estão longe, quando a saudade aperta… o telefone é tão impessoal… Não gosto de não gostar de desabafar e gostar apenas de ouvir… Não gosto de adormecer sem te dar um beijo e dizer que te amo… não gosto de ter a cama só para mim… Não gosto de olhar para o calendário e ver que o ano está perto do fim e perceber que tanto ficou por fazer, por dizer… não gosto que amanheça tão depressa… Não gosto de não ter tantas recordações da minha infância quanto gostaria… a memória prega-nos partidas assim… pode ser que esta lista infindável de gostos tenha continuação… ou não… já disse tanta coisa…. Até à próxima…