Há meio ano pedi ao mundo para as deixar viver. Para que o vento se imortalizasse nos seus cabelos e os sorrisos dos parques abertos e da liberdade de correr por eles adentro se congelasse naquele instante. O medo voltou a fechar-nos e a isolar-nos do mundo... e novamente voltou a abrir-nos as portas! Com medo.
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio..."
Que o medo nos faça sair descalços, pisar o chão nu, deitar fora as máscaras, voltar a sorrir e a abraçar e a beijar. Que o medo nos faça escalar montanhas, fazer piqueniques, rebolar na relva e partilhar merendas. Que o medo nos leve de volta à música, às montanhas de vozes em uníssono com letras decoradas, aos encontrões de cerveja entornada. Que o medo os conduza a todos os baloiços e escorregas e trampolins e os faça cair na areia, de cansaço. Que os suje e lhes lave o rosto com a água das fontes onde milhares de mãos se imaculam. Que o medo volte a encher os banquinhos de jardim à sombra, no Verão. E as praias e os rios ecoem vozes felizes e mergulhos corajosos.
Que o medo de NÃO VIVER, nos faça querer voltar a viver assim!