Cartas. Facebook. Conversas parvas. Pesquisas inúteis. Sentimento de incapacidade. Subaproveitamento. É isto. É esta a minha vida durante as 7 horas em que tenho de me manter sentada em frente a um computador. Não tenho autorização para me ausentar, porque posso ser "precisa". Às vezes fujo, vou ao café, saio 5 minutos mais cedo e vou dar umas braçadas. Saio 10 minutos mais cedo para não ir buscar as miúdas quando a noite já é cerrada... parece sempre que, durante os meses mais frios, a hora de deitar chega mais cedo e não as aproveitamos como no Verão!
É isto. A minha vida resume-se a isto. A esta falta de motivação.
Tenho trabalho para fazer, sim. E faço-o num instantinho, intervalando com vários dias enquanto aguardo mais instruções. Há pessoas assim. Que não dão trabalho com receio de que os outros usurpem o trabalho deles. Não o quero! Só quero dar o meu contributo, ajudar. Só quero trabalhar, basicamente. E sair, à hora a que todos saem, com a cabeça leve e o sentir de dever cumprido. Isso não acontece. Não tem acontecido, não. Logo, as miúdas é que levam sempre com esta frustração que carrego comigo até casa... e não é justo! Depois chega o pai, e leva com o mau humor já repenicado pelas birras que me tiraram do sério antes de conseguir pô-las a jantar. E não é justo. Nunca é justo. E continuam os gritos, o mau humor e as lamurias! Se há remédio?! Sim. Sacar fortemente de um vernáculo cuidado e atingir o alvo no meio da tromba... ou ir embora. É isto. E noutro qualquer sítio iriam desvalorizar-me da mesma forma, porque em todos os sítios há pessoas intragáveis e execráveis. Há pessoas práticas. Há oportunistas. E há pessoas boas, como aqui. Mas essas não mandam. Só acatam. É isto.
Posso mudar e acomodo-me porque, até certo ponto, é-me confortável e dá jeito. Mas acaba. Daqui a poucos meses termina e não sei se renova. Nunca sei. E nem sei se quero. Também não sei o que quero e isso de muito pouco me vale. Na minha vida gosto das minhas filhas, do pai delas, da minha mãe, das irmãs e dos sobrinhos. e nem estas pessoas eu trato bem, ou trato como elas mereceriam ser tratadas. Conto pelos dedos de uma mão os amigos verdadeiramente fiéis que ainda me acompanham e isso é-me suficiente. dou-me bem com muita gente, porque na rua, sou simpática e serei sempre uma "fixe". Gosto da minha vida pelas pessoas que nela habitam. Mais nada. Cada vez menos gosto dos floreados e das hipocrisias a que assisto diariamente. A amizades de circunstância, frases feitas e sorrisos falsos. Nojo. Metem-me nojo e dão-me azia. É isto.
E eu que amava e sorria tanto à vida! É isto.
Hoje deu-me para isto. Podia dar-me para melhor. Saudades de voar para trás do volante e ir respirar Gardunha. Já nem essa é de todos. Bah!
Falta pouco mais de uma hora para ir buscar a razão porque sorrio. Elas sim. Fazem valer tudo a pena.
Até.... àquele dia em que acordar mesmo mesmo bem disposta para não escrever disparates!
Chuac!