quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Na cama é que estava bem!

Cartas. Facebook. Conversas parvas. Pesquisas inúteis. Sentimento de incapacidade. Subaproveitamento. É isto. É esta a minha vida durante as 7 horas em que tenho de me manter sentada em frente a um computador. Não tenho autorização para me ausentar, porque posso ser "precisa". Às vezes fujo, vou ao café, saio 5 minutos mais cedo e vou dar umas braçadas. Saio 10 minutos mais cedo para não ir buscar as miúdas quando a noite já é cerrada... parece sempre que, durante os meses mais frios, a hora de deitar chega mais cedo e não as aproveitamos como no Verão!
É isto. A minha vida resume-se a isto. A esta falta de motivação.
Tenho trabalho para fazer, sim. E faço-o num instantinho, intervalando com vários dias enquanto aguardo mais instruções. Há pessoas assim. Que não dão trabalho com receio de que os outros usurpem o trabalho deles. Não o quero! Só quero dar o meu contributo, ajudar. Só quero trabalhar, basicamente. E sair, à hora a que todos saem, com a cabeça leve e o sentir de dever cumprido. Isso não acontece. Não tem acontecido, não. Logo, as miúdas é que levam sempre com esta frustração que carrego comigo até casa... e não é justo! Depois chega o pai, e leva com o mau humor já repenicado pelas birras que me tiraram do sério antes de conseguir pô-las a jantar. E não é justo. Nunca é justo. E continuam os gritos, o mau humor e as lamurias! Se há remédio?! Sim. Sacar fortemente de um vernáculo cuidado e atingir o alvo no meio da tromba... ou ir embora. É isto. E noutro qualquer sítio iriam desvalorizar-me da mesma forma, porque em todos os sítios há pessoas intragáveis e execráveis. Há pessoas práticas. Há oportunistas. E há pessoas boas, como aqui. Mas essas não mandam. Só acatam. É isto.
Posso mudar e acomodo-me porque, até certo ponto, é-me confortável e dá jeito. Mas acaba. Daqui a poucos meses termina e não sei se renova. Nunca sei. E nem sei se quero. Também não sei o que quero e isso de muito pouco me vale. Na minha vida gosto das minhas filhas, do pai delas, da minha mãe, das irmãs e dos sobrinhos. e nem estas pessoas eu trato bem, ou trato como elas mereceriam ser tratadas. Conto pelos dedos de uma mão os amigos verdadeiramente fiéis que ainda me acompanham e isso é-me suficiente. dou-me bem com muita gente, porque na rua, sou simpática e serei sempre uma "fixe". Gosto da minha vida pelas pessoas que nela habitam. Mais nada. Cada vez menos gosto dos floreados e das hipocrisias a que assisto diariamente. A amizades de circunstância, frases feitas e sorrisos falsos. Nojo. Metem-me nojo e dão-me azia. É isto. 
E eu que amava e sorria tanto à vida! É isto.
Hoje deu-me para isto. Podia dar-me para melhor. Saudades de voar para trás do volante e ir respirar Gardunha. Já nem essa é de todos. Bah!
Falta pouco mais de uma hora para ir buscar a razão porque sorrio. Elas sim. Fazem valer tudo a pena.
Até.... àquele dia em que acordar mesmo mesmo bem disposta para não escrever disparates!
Chuac!



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Tantos dias e tantas coisas passaram desde a última marca que deixei aqui!
A mais importante é que fizeram 2 anos! 2 anos de mãe, de pai, de vocês! 
Há 2 anos sabia lá eu o que a vida me iria reservar! Sabia lá eu o que era amar para além de mim, para além de nós (de mim e do pai!), para além da vida! E amo! Amo-vos tanto que dói! E dói ver-vos crescer e ver o tempo, os nossos dias escapar-me por entre os dedos das duas mãos, por entre os meus braços que começam a fraquejar quando o mimo de ambas grita e querem o colo da mãe! Ainda consigo (e conseguirei, caramba!) passear-vos ao colo pela casa e parar em frente ao espelho e ver os vossos olhos brilhar e o sorriso a abrir-se pela imagem espelhada e pelas músicas que roubei à infância para partilhar com vocês! São tão bonitas, vocês!!
E eu... velha e resingona! Passamos momentos tão bons! Manhãs de ronha, sorrisos e descobertas, festas na cara, saltos em cima da cama! Abraços e beijos cada vez mais deliciosos, mais nossos! Palavras inventadas que só nós percebemos e expressões e manhas e frustrações que só nós curamos! E a mãe, esta mãe que escolheram para ser a vossa (acredito que os bebés nos escolhem, sim!) não tem paciência para ninguém! E se o resmungar fosse só a minha arma de defesa, ninguém iria sair magoado, como sai. Grito, critico, grito, desvalorizo, grito, faço cara feia, grito, reviro os olhos, grito, não elogio, grito... grito tanto!!! E já não sei falar, não! Porque, para mim, vocês são o mais importante do mundo e tudo o que eu digo sobre vocês tem de ser ouvido e lembrado por todos! E todos os outros têm vida! 
Desculpem a mãe! Desculpem a mãe quando os gritos acabam também por vos atingir quando vocês não merecem! São tão pequeninas e indefesas que não merecem nada desta falta de tudo que a mãe às vezes tem e sente e transparece!
Mas a mãe ama-vos muito! Mesmo quando não nos deixam dormir uma noite inteira colados um ao outro como antes (agora dormimos colados a vós! :) ), mesmo quando as vossas birras me tiram do sério e a mão se levanta para vos assentar a fralda! Mesmo quando me obrigam a contar até 20 e lembrar-me que em tempos também tirava a avó do sério (pobre avó!). Tudo passa quando chegam os momentos que ninguém nos tira! E os abraços e beijos que ninguém iguala! Vocês são para mim únicas no mundo, como o meu amor é único por vocês!!!!!

Parabéns Alice & Clara por existirem e fazerem de mim a Mãe (tão bom sê-lo!!!) mais feliz***


"Podemos achar que já amámos alguém. Mas depois chega quem nos faz entender que afinal não era amor. Que afinal era assim um gostar quentinho, mas não era amor. Que era um sítio confortável, mas não era amor. Era um estou-aqui-mas-podia-estar-ali. Era assim qualquer coisa a que nos habituámos. Era.
Depois vem quem nos tira o chão. Quem nos inquieta a mente. Quem nos troca as respostas que tínhamos para a vida. Quem nos faz olhar com outros olhos. Quem nos faz descobrir cheiros e ansiedades. Quem nos faz desinquietar a vida. Descobrir o vazio da falta do outro. Quem nos ensina a urgência e a saudade.
Isso é amor. Quente. Avassalador. Eterno. Não traduzível em palavras.


"O amor é só uma palavra, até o dia que conhecemos alguém que nos dá a definição completa."

terça-feira, 22 de maio de 2018

passam os dias... passa a vida... por nós!

Passam-se demasiados dias, meses até!, sem que sinta necessidade de escrever... ou sem que haja tempo suficiente para o fazer! Estou tão absorta em tudo o que a rotina me obriga, que me sinto consumida para tudo o resto... e esqueço-me de MIM! Estou mesmo, mesmo mesmo mesmo esquecida do ser que sou, ou que fui ou lá o que era! Há dois anos atrás (ou há três que há dois já rodopiava todos os dias até àquele quarto branco que precisava ficar imaculado para as suas novas habitantes!) não era mais feliz, mas era mais minha amiga e hoje não... hoje vivo por e para elas (e sempre para ele!) e eu fico à margem de mim, à margem de tudo, porque sim! Porque ser mãe é isto mesmo, ou para mim é esta a definição de o ser! Elas em primeiro lugar, sempre! Elas juntinho a mim, SEMPRE que a vida me permite! E a cada ausência, a cada noite em que não as adormeço, a cada fim de dia em que não começo verdadeiramente o dia, no momento em que as levo para casa, é como se um bocadinho de mim se apagasse, porque quero sempre eternizar TODOS os momentos em que nos damos umas às outras, em que a casa é só nossa até o pai chegar de mais um dia e o nosso dia ficar completo e mais feliz! E todos me dizem para aproveitar as ajudas, para descansar, para respirar sem elas... mesmo que o ar me falte!!!!
E tenho saudades de mim, de estar comigo, de comigo desabafar ou refilar ou discutir! Tenho saudades de pensar em mim e de me preocupar comigo, de me auto-criticar ou de (embora raramente) me achar fantástica! De me olhar ao espelho e perder tempo - só porque também mereço!
E não, não tenho o direito de me queixar se o tempo que não me sobra, é porque não o quero partilhar com outros... ou porque com outros não as quero partilhar!

Ser mãe é isto, sim - é viver para elas! Ponto. Sou feliz assim! E elas também! Os outros... é isto.




sábado, 27 de janeiro de 2018

Corredores sem fim...

Ninguém nos prepara para isto da maternidade! Nada! Nem a vida, sequer!
Quando o ventre se enche de vida e a pele fica mais bonita, quando já não vemos a ponta do atacador para apertar os sapatos e tudo o que queremos é dormir e comer como se não houvesse amanhã... por alguma razão que desconheço, esquecem-se de nos dizer que a vida de mãe (de pais!) não é o mar de nuvens fofinho onde eles crescem intocáveis e protegidos e nada de mal lhes acontece porque a nossa mão lhes vai sempre amparar as quedas e os medos maus! Só que não!
Depois de nascerem, quando troquei o quarto de hospital pela casa que decorámos e levei uma, percorri demasiadas vezes os corredores deste hospital para tocar a uma campainha e dizer todos os dias "é a mãe da Clara"... Hoje já não há botão de campainha para me deixar entrar... mas a Clara voltou para uns metros mais à frente daquele casulo protector de bebés minúsculos... Voltou para um quarto de meninos maiores! É a terceira noite que vamos dormir longe do pai e da mana. E se há quase 18 meses o meu coração se apagava em cada vai e vem de estrada porque deixava ora uma, ora outra... agora evade-se do meu corpo e por momentos adormeço a mãe em mim atrás do volante e viajo em piloto automático por uns minutos! Hoje já não tenho a fragilidade de um parto precoce e uma separação forçada! Hoje tenho quase 18 meses de maternidade! Tenho esses dias todos de vida delas junto a mim - das duas juntinho uma da outra! Da cumplicidade que se vê crescer entre elas, dos abraços sentidos que já nos dão, das lágrimas de nos verem sair porta fora porque as estamos a "abandonar"... e é sempre o que sinto em cada vai e vem de estrada sem noção da quantidade de vezes que tenho de repetir! E estou exausta! O corpo aguenta... a alma dói! Não é o coração! A alma entrega-se à dor sem pudor algum e leva-nos às lágrimas como uma entrada em cena de uma peça de teatro mal argumentado sem tempo para o correr das cortinas! A alma deixa-nos nuas... É o que sinto quando passo (sem passear!) pelos corredores da pediatria e vejo as outras mães, com os seus filhos, sem olharem nos olhos das outras mães que têm os filhos nos quartos ao lado, nos quartos em frente! Aqui estamos entregues a eles e eles a nós. Cada quarto é o nosso mundo, o mundo provisório que temos de manter limpinho e seguro para nos deixarem sair rápido que aqui não é vida para ninguém, não senhor! 
E o lugar de cada filho deveria ser em casa, na casa dos pais, no colo das mães, na segurança que a família representa! 
Aguenta, filha! Em breve deito-te nos lençóis de nuvens cor de rosa e a mana acorda-te da preguiça com o habitual e sonoro "Cáaaaaaaa"... e somos os 4 mosqueteiros juntinhos outra vez! 
Ah! Já te disse que só te desculpo estares doente porque só assim te aninhas no meu peito como agora, neste momento? E estes minutos são só nossos, aqui, no pequeno mundo de onde sairemos em breve...