segunda-feira, 6 de março de 2017
quinta-feira, 2 de março de 2017
A um mês...
Ana. 37 anos. A um mês de fazer 38. Mãe há 7 meses. Em casa há quase 12...
O tempo passa por mim como uma bala! Atravessa todo o meu espaço com uma velocidade feroz que me assusta! Já mal me recordo dos momentos em que as minhas filhas (tão bom! As MINHAS filhas!) mal me cabiam na palma da mão... e hoje já me enchem o colo com o corpo que cresce de dia para dia! Já mal me recordo da rotina de acordar religiosamente à hora do toque sonante do despertador para me sentar atrás do volante... e ir trabalhar! Já mal me recordo da última conversa que tive sem envolver futilidades ou conversas sobre as crianças que vão aparecendo na minha vida... sobre as minhas, sobre as dos que me rodeiam! Assaltam-me a memória vagos momentos em que a minha vida era normal! Tenho TUDO o que sempre quis: um abraço quente todos os dias e o colo repleto de calor de dois seres pequeninos que em breve deixarão de o ser!
Mas... faz-me falta sair de casa com um objectivo! Fazem-me falta as pessoas, as conversas, a azáfama, o cansaço das rotinas laborais e das chatices que delas fazem parte! Faz-me falta pensar! E esforçar-me diariamente por ser melhor!
Desde que as deixei no infantário (há quase 2 meses!!!!!) que a vida se tornou demasiado leviana... o meu dia começa às 4 da tarde quando pego no carro para cegar com a luz do sol que teima em morrer cedo de mais e as volto a ter no colo para as mimar e tratar delas como nos 5 meses que precederam toda esta reviravolta.
Os meus dias são feitos de vazio... de coisas que teimo em inventar para que o tempo passe mais rápido! Rogo aos quatro ventos que preciso fazer qualquer coisa para me "entreter", para voltar a sentir-me viva, para ser mais do que mãe e mulher! E a preguiça cola-me ao sofá, às tarefas domésticas, à futilidade da vida... e não faço! E não procuro! E não luto! E não saio! E NÃO VIVO!!!!!!!
Não sei como cheguei a este ponto... ao ponto de não querer saber de mim! Não sei em que momento da minha vida me perdi... perdi as palavras com que preenchia folhas em branco com devaneios do meu ser! Perdi o prazer imenso que sentia nas horas em que mergulhava num livro sem vontade de mais nada! Esqueci as letras das músicas com que cresci... e aprendi tanto! Dediquei-me às pessoas que fizeram parte da minha vida nos últimos 10 anos... e transformei-me em mais uma como elas! E como dizia tantas vezes, antes não era apaixonada por mim... mas gostava de mim e era feliz! Agora... agora sou feliz mas só gosto dos outros! De poucos! E perdi-me... e preciso tanto encontrar-me! E preciso urgentemente de deixar os queixumes e a auto-comiseração e de ir à luta! À luta da vida! À beira da estrada onde a Ana ficou... e trazê-la para este presente! As minhas filhas iriam gostar de conhecê-la! :)
"Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim."
As pessoas não mudam! Nunca! As pessoas moldam-se às pessoas e à vida que escolheram... por isso acredito que a Ana continua aqui, guardada no meu âmago... só precisa de um empurrãozinho para voltar a rasgar-me os lábios de sorrisos e a alma de sede de mais!!!
Nunca senti tanto prazer em nada como em ser mãe! E sou boa! E continuarei sempre a ser a mãe galinha que muitos criticam e poucos entendem! E faz tanto sentido o que sempre ouvi dizer: é tudo tão instintivo! É tudo tão natural! Elas, à sua maneira, dizem-me tudo o que preciso saber para as fazer sentir melhor! Um olhar, um sorriso, um colinho e um abraço apertado! Sempre tive esta certeza (há tantos anos!!!!!). Sempre soube que me sentiria completa com um ser meu! E tenho dois! Tenho dois seres pequeninos que cresceram dentro de mim e que crescem todos os dias nos meus braços, na minha vida! Que me passam as mãozinhas no rosto envelhecido e me fixam nos olhos... e me fazem sentir que sou a pessoa mais importante do mundo! Que me fazem acreditar que tudo vai correr bem... para a mãe ficar bem e poder tomar conta delas! E, nos dias menos bons, essa certeza dissipa-se em dúvidas e o medo de fracassar assola-me! E quero tanto dar-lhes tudo! E quero tanto que nunca lhes falte nada! Que ninguém lhes faça mal! Que nunca sofram (mesmo sabendo que isso as fará crescer!), que nunca lhes quebrem o coração... e que a vida lhes seja bondosa (como quase sempre foi para mim!). Isto. Só isto.
Serei sempre feliz quando elas sorrirem e o brilho daqueles olhos imensos continuar a iluminar o mundo pequenino que nos acolhe! Os olhos das minhas filhas!
Já não sei escrever... ou expressar-me... ou sentir, quem sabe!
Já não sei nada... e tantas vezes tenho a prepotência de saber tudo!
Um dia volto... e escrevo! Do alto dos meus 38 (trinta e oito... mais dois e serão QUARENTA!!!!!), voltarei... prometo que voltarei! E trago a Ana! Vou buscá-la onde a deixei sem ter consciência que a estava a abandonar! E brincaremos as quatro. De mãos dadas no nosso mundo... com os olhos postos no mundo de todos! Vamos ser (muito mais) felizes! Os CINCO! (que eu nunca me esqueço do abraço forte de todos os dias!
Até lá... até já!
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