quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Dias...


...e num ápice, como já tem sido habitual na movimentação dos dias nestes últimos 400 e alguns, estão quase dois meses passados desde que a nossa vida mudou! Pausei (ahahahah!) durante três semanas porque a escolinha fechou e quis ficar com elas porque desconheço o que o futuro me reserva e este verão era para elas... para nós... como gostaria que todos fossem! 
Nestas três semanas vi-as crescer de uma forma assustadora! Já não passava 24 horas multiplicadas por 27 dias seguidas com elas desde que as deixei o primeiro dia na casa que é agora a segunda delas! E é tudo tão mágico... como extenuante! E precisam cada vez mais de mim, de nós! De atenção e mimo, de muito colo e repreensões (porque acham que já são crescidas o suficiente para se darem ao direito de soltar gritos estridentes quando a "vida não lhes corre bem")! É tudo tão enriquecedor... como desgastante! E os braços doem porque agora, mais do que quando AINDA eram bebés pequeninos, me querem as duas em simultâneo... e para além da dor física, fica a mágoa por o meu corpo não se duplicar, como elas se duplicaram dentro de mim - para as poder albergar na minha toca e protegê-las de tudo e curá-las de tudo e dar-lhes O colo que raramente dou porque, INDEPENDENTEMENTE DO QUE TOOOOOOOOOOOOOOOOOODA A GENTE PENSA, quando o meu colo abraça uma, o meu coração está SEMPRE preenchido com a metade que a outra ocupa! Não amo mais uma do que amo a outra, não tenho preferências - NUNCA TIVE! A vida permitiu-me ter uma todos os minutos do dia mais cedo do que a outra teve oportunidade de abandonar a casa de vidro onde foi obrigada a viver depois de deixar o meu ventre cedo demais... ambas o deixaram cedo demais! E eu não estava preparada... nem para deixar de as sentir dentro de mim, nem para não poder senti-las ao mesmo tempo! Mas o amor que sinto é dividido equitativamente por ambas! Nem mais, nem menos! E se alguém pensa de forma diferente - que vá plantar árvores em África onde possam crescer os macaquinhos que habitam nas suas cabeças! Se uma sempre deu mais trabalho e, como tal, precisava de mais atenção, não significa que a outra tenha sido preterida! Se não dei (OU NÃO DOU!) a mesma quantidade de colo a cada uma, é porque a mais difícil é sempre passada para os meus braços (SEM EU PEDIR) porque "ela quer a mãe!", porque "já viu a mãe", porque "a mãe é que a acalma!"... e sim, se já passou mais de um ano a ser passada para os braços da mãe, são os braços da mãe que ela prefere SEMPRE, mesmo que a mãe se sinta uma merda por ver os olhos e o corpo da outra a querer saltar-lhe para o colo e não poder... porque ninguém consegue "domar a fera"! Não tenho de me justificar a ninguém! Este é o meu livro! MEU!!!!!!!!! Se eu quiser usar vernáculo, problema meu! Se isso causa problemas a alguém - estou-me a marimbar DE ALTO para isso! Não me chateiem nem julguem (pelas costas!)! Se eu ofender ou incomodar alguém ou se causar mau estar, DIGAM-ME! Não tirem ilações das minhas atitudes como se me conhecessem ou conhecessem as minhas filhas... PORQUE NÃO CONHECEM!!!!!! E jamais vão conhecê-las, não PORQUE EU NÃO DEIXO OU PORQUE SOU UMA CABRA EGOÍSTA, porque os vossos olhos cegam e os vossos ouvidos se fecham quando sobre elas surgem conversas sérias sobre o que elas fazem ou como elas agem... de tétés estou FARTA!!!!!! Não quero atenção para mim, quero atenção SOBRE ELAS! Mas esta situação, depois de um ano passado, não vai mudar! E jamais irá mudar enquanto os envolvidos (eu incluída!) não se sentarem juntos a conversar (sim, depois de EU aprender a conversar e a fazer com que as pessoas deixem de me ouvir e não me respeitem!!!!) e, adultos como são, serem SINCEROS!!! Detesto sorrisos forçados e cinismo! Não consigo esconder o que me incomoda ou magoa... NÃO!!!! Nunca vou conseguir porque não sou feita dessa matéria hipócrita que molda muita gente! Sou o que sou e cada vez mais sinto que só tenho amor para dar às minhas filhas e a mais 3 ou 4 pessoas que fazem parte da minha vida! A quem me deu vida (e que amo tanto!!!!) - e a quem eu trato cada vez pior porque "não seria justo não a tratar de forma igual", às manas com quem cresci - uma das quais que pouco ou nada me diz (triste, mas verdade!) e a outra, que é talvez a melhor pessoa que conheço, e para quem não tenho o tempo e a calma que deveria ter! E a ti, que me abraças todos os dias... e que vejo fugir-me por entre os dedos a cada desilusão que eu provoco! E estou tão cansada DE TUDO! De tudo o resto! MESMO! TANTO! Desculpa... não consigo ser outra pessoa, não consigo sorrir porque me (NOS!) ajudam... não consigo, DESCULPA! Não consigo esquecer porque tudo tem um princípio... e o desta história fragilizou-me demasiado! E nunca vão perceber o quanto porque nunca quiseram saber! 
Talvez o tempo me amoleça o coração (como acontece às pessoas "normais" quando se tornam mães - e como mãe tenho o coração mais amanteigado do mundo - mesmo que não te apercebas disso!), mas neste presente é pão seco... que nem torrado fica comestível! Perdoa-me! Perdoa-me isto! O que mais me magoa é ver que te magoo! Mas não consigo... E ninguém tem culpa! A culpa é inteiramente minha por não conseguir dar um rumo natural às coisas! E eu sou tão natural com elas e contigo (E FELIZ!), mas a minha naturalidade para com os outros... é FRIA e FEIA... é NATURAL!

Hoje estou assim... os olhos estão pesados de sono e de necessidade de lágrimas soltas que preciso agendar para este dia! Se não for possível, engulo-as! À frente delas, NÃO! Estou triste e a precisar de um abraço forte... estou sozinha num gabinete com uma vista deliciosa... mas vazio! E é assim que hoje me sinto. 

Até um dia... quando a Ana quiser!



quinta-feira, 27 de julho de 2017

Depois dos 38 feitos disse que voltava...

...e voltei! Só porque o prometido devido é... só porque a vida sofreu algumas alterações nos últimos dias (que me parecem já semanas!), só porque tenho algum tempo livre para o fazer (porque não estou em casa... ou haveria pó que só eu consigo ver e outras demais lides domésticas para executar!)
Comecei a trabalhar... no sítio de onde nunca quis sair, para onde quis sempre regressar! E agora estou aqui, entre a felicidade de finalmente ter uma rotina e vida próprias, de não ser sempre a mãe e dona de casa que não sossega nem deixa sossegar... e a culpa por não ter as miúdas mais cedo no meu colo, de ter tempo para brincar com elas no final do dia (e ainda só passaram três dias...) e a casa a encher-se de pó... que só eu consigo ver!
E por ser tão recente ainda esta mudança na minha vida é que ainda não sei lidar muito bem com tudo isto... há mais de um ano em casa, a preparar-me para a chegada delas, a tê-las pertinho de mim, a levá-las ao infantário pequeninas e a tê-las comigo poucas horas depois... a ser mãe! Ainda sinto que é a única coisa que sei fazer - ser mãe e cuidar da casa para que elas estejam seguras e limpinhas e protegidas e longe de bichos maus! (inocente, esta Ana que viveu tanto tempo longe do mundo real!)
Daqui a um mês pensarei de forma completamente diferente e será esta a nossa rotina, como é a de tantos outros pais perto e longe de nós! 
E prometi que voltaria depois dos 38 feitos... antes de elas fazerem um... UM ANO!!!!!
Um ano que passou a uma velocidade estonteante com mais informação, emoções, descobertas, adaptações, aflições, desespero e alegrias do que poderia algum dia imaginar! É tão enriquecedor como desgastante, esta maravilha de ser mãe de duas! É descobrir que é possível amar duas pessoas exactamente da mesma forma (e elas são TÃO diferentes!), é sentir um amor capaz de nos fazer explodir o peito... é preocupar-mo-nos com a que adoece e sentir que estamos a descurar os cuidados com a que dorme ali ao lado! É tomar a mais rabugenta nos braços porque naquele momento só o colo da mãe a acalma e sentir outros olhinhos postos em nós com ar de desilusão porque o seu corpo também precisa do meu calor e os meus braços já não aguentam muito tempo com as duas em simultâneo (nem elas gostam de me partilhar!)! É ir buscá-las e querer chegar a casa para perdermos horas a brincar (e elas gostam tanto que brinquemos juntas!) e pensar no que há para fazer... e que tem de ser feito! É sentir que não dou atenção suficiente a cada uma, que não as mimo na quantidade suficiente, que não me dedico como elas precisam... como seres individuais que são! E são tão diferentes, as minhas filhas... e olho-as com admiração por isso! Por tê-las tido dentro de mim durante quase 8 meses, juntinhas, respirando o mesmo ar apertado... e serem assim! Cada uma com a sua personalidade já vincada, cada uma com as suas manhas e birras, cada uma com a sua forma peculiar de nos fazer um carinho e nos provocar sorrisos largos sem nos darmos conta (e, também, nos fazerem perder as estribeiras e a paciência... cada uma ao seu jeitinho único!)
A três dias de as ter a completar o primeiro ano olho para trás e já não me recordo de as ter minúsculas nos meus braços (a Clara cabia-nos na mão!)... há momentos que se desvanecem para dar lugar a outros mais recentes... precisava de muito mais espaço na memória para me recordar de tudo... e um bypass no coração para armazenar tantas emoções! É uma aventura diária, é a certeza de que somos capazes de gerar vida e dar-lhe continuidade, de que somos aptos a amar para além de nós mesmos e passarmos para segundo e terceiro planos porque elas são o centro da nossa vida! É continuarmos a olhar um para o outro (depois de inúmeras discussões que temos quando o cansaço se apodera e as opiniões divergem - a mãe é que sabe SEMPRE tudo!) e sentir o amor que permanece e se multiplicou neste último ano! É sentir-nos felizes namorados como antes (com muito menos intensidade... senão o tal bypass teria de me habitar na caixa torácica!).
É tentar esquecer que as tiraram demasiado cedo de dentro de mim e lembrar-me que estão seguras nos meus braços agora. É tentar apagar o desespero sentido naqueles 10 dias numa casa que foi nossa durante esse tempo, das lágrimas, da fragilidade, do silêncio, de não poder pegar-lhe ao colo mais que uma vez (em 10 dias!!!) e sentir-me deambular por aqueles corredores, da felicidade de ter a irmã juntinho a mim... e não poder ter as duas a aquecer-me o colo todas as noites...
Mas são essas as memórias que também guardo, porque fazem parte da história delas!
Agora tudo isso me parece longínquo... só que há aquelas alturas! Agora tudo está bem e ainda ontem lhes cantei ao ouvido, ao mesmo tempo, e me passeei com as duas ao colo pela casa, porque ambas precisavam dele... e ele, o meu colo, estará sempre pronto para lhes acalmar as dores ou lhes curar as birras! Que não me fraquejem as pernas nem os braços me doam... e que o meu coração se mantenha enorme para lhes acolher todos os bens e os menos bons!
(tenho de reaprender a escrever... como antes, quando chegar ao final da página em espiral era supersónico... e tão natural!)

Voltarei... depois da primeira vela apagada!
até já... até sempre!

sábado, 8 de abril de 2017

Passo a passo, juntas!*

Os meus pés, os nossos pés... juntas caminharemos! E a minha mão (e o meu colo!) estará sempre estendida para vos agarrar com força, minhas filhas! ❤
Do alto dos meus 38 anos... sou tão feliz! Grata pelo colo cheio e pelos sorrisos com me presenteiam em cada despertar! Pelo brilho dos vossos olhos, por todas as descobertas diárias! Pelo amor que cresce como vos sinto crescer todos os dias! E a vida é tão fugaz... que ela nos permita aproveitar o tempo! Que me permita ver-vos florescer com os anos!
Eternamente vos amarei,
A mãe*

quinta-feira, 2 de março de 2017

A um mês...

Ana. 37 anos. A um mês de fazer 38. Mãe há 7 meses. Em casa há quase 12...
O tempo passa por mim como uma bala! Atravessa todo o meu espaço com uma velocidade feroz que me assusta! Já mal me recordo dos momentos em que as minhas filhas (tão bom! As MINHAS filhas!) mal me cabiam na palma da mão... e hoje já me enchem o colo com o corpo que cresce de dia para dia! Já mal me recordo da rotina de acordar religiosamente à hora do toque sonante do despertador para me sentar atrás do volante... e ir trabalhar! Já mal me recordo da última conversa que tive sem envolver futilidades ou conversas sobre as crianças que vão aparecendo na minha vida... sobre as minhas, sobre as dos que me rodeiam! Assaltam-me a memória vagos momentos em que a minha vida era normal! Tenho TUDO o que sempre quis: um abraço quente todos os dias e o colo repleto de calor de dois seres pequeninos que em breve deixarão de o ser! 
Mas... faz-me falta sair de casa com um objectivo! Fazem-me falta as pessoas, as conversas, a azáfama, o cansaço das rotinas laborais e das chatices que delas fazem parte! Faz-me falta pensar! E esforçar-me diariamente por ser melhor! 
Desde que as deixei no infantário (há quase 2 meses!!!!!) que a vida se tornou demasiado leviana... o meu dia começa às 4 da tarde quando pego no carro para cegar com a luz do sol que teima em morrer cedo de mais e as volto a ter no colo para as mimar e tratar delas como nos 5 meses que precederam toda esta reviravolta.
Os meus dias são feitos de vazio... de coisas que teimo em inventar para que o tempo passe mais rápido! Rogo aos quatro ventos que preciso fazer qualquer coisa para me "entreter", para voltar a sentir-me viva, para ser mais do que mãe e mulher! E a preguiça cola-me ao sofá, às tarefas domésticas, à futilidade da vida... e não faço! E não procuro! E não luto! E não saio! E NÃO VIVO!!!!!!!
Não sei como cheguei a este ponto... ao ponto de não querer saber de mim! Não sei em que momento da minha vida me perdi... perdi as palavras com que preenchia folhas em branco com devaneios do meu ser! Perdi o prazer imenso que sentia nas horas em que mergulhava num livro sem vontade de mais nada! Esqueci as letras das músicas com que cresci... e aprendi tanto! Dediquei-me às pessoas que fizeram parte da minha vida nos últimos 10 anos... e transformei-me em mais uma como elas! E como dizia tantas vezes, antes não era apaixonada por mim... mas gostava de mim e era feliz! Agora... agora sou feliz mas só gosto dos outros! De poucos! E perdi-me... e preciso tanto encontrar-me! E preciso urgentemente de deixar os queixumes e a auto-comiseração e de ir à luta! À luta da vida! À beira da estrada onde a Ana ficou... e trazê-la para este presente! As minhas filhas iriam gostar de conhecê-la! :)

"Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim."


As pessoas não mudam! Nunca! As pessoas moldam-se às pessoas e à vida que escolheram... por isso acredito que a Ana continua aqui, guardada no meu âmago... só precisa de um empurrãozinho para voltar a rasgar-me os lábios de sorrisos e a alma de sede de mais!!!
Nunca senti tanto prazer em nada como em ser mãe! E sou boa! E continuarei sempre a ser a mãe galinha que muitos criticam e poucos entendem! E faz tanto sentido o que sempre ouvi dizer: é tudo tão instintivo! É tudo tão natural! Elas, à sua maneira, dizem-me tudo o que preciso saber para as fazer sentir melhor! Um olhar, um sorriso, um colinho e um abraço apertado! Sempre tive esta certeza (há tantos anos!!!!!). Sempre soube que me sentiria completa com um ser meu! E tenho dois! Tenho dois seres pequeninos que cresceram dentro de mim e que crescem todos os dias nos meus braços, na minha vida! Que me passam as mãozinhas no rosto envelhecido e me fixam nos olhos... e me fazem sentir que sou a pessoa mais importante do mundo! Que me fazem acreditar que tudo vai correr bem... para a mãe ficar bem e poder tomar conta delas! E, nos dias menos bons, essa certeza dissipa-se em dúvidas e o medo de fracassar assola-me! E quero tanto dar-lhes tudo! E quero tanto que nunca lhes falte nada! Que ninguém lhes faça mal! Que nunca sofram (mesmo sabendo que isso as fará crescer!), que nunca lhes quebrem o coração... e que a vida lhes seja bondosa (como quase sempre foi para mim!). Isto. Só isto.
Serei sempre feliz quando elas sorrirem e o brilho daqueles olhos imensos continuar a iluminar o mundo pequenino que nos acolhe! Os olhos das minhas filhas! 

Já não sei escrever... ou expressar-me... ou sentir, quem sabe!
Já não sei nada... e tantas vezes tenho a prepotência de saber tudo!
Um dia volto... e escrevo! Do alto dos meus 38 (trinta e oito... mais dois e serão QUARENTA!!!!!), voltarei... prometo que voltarei! E trago a Ana! Vou buscá-la onde a deixei sem ter consciência que a estava a abandonar! E brincaremos as quatro. De mãos dadas no nosso mundo... com os olhos postos no mundo de todos! Vamos ser (muito mais) felizes! Os CINCO! (que eu nunca me esqueço do abraço forte de todos os dias!

Até lá... até já!