"Que goste de mim como eu sou, nem eu sei como é, mas que ele saiba. Que não precise de ginásticas nem palavras contadas. Que não haja jogo. Que se preocupe comigo e eu saiba, que eu sinta. E o contrário. Que me deixe amá-lo. Que o melhor dos seus dias sejamos nós. Que sorria quando pensa em mim. Que amanhã seja sempre bom por ser mais um dia. Que seja calmo, que me acalme. Que me respeite mais que tudo. Que saiba que eu estou lá, vou lá estar sempre. Que seja muito bom sempre, enquanto dure. Que dure muito. Que seja a vida. Que olhe nos meus olhos e se encontre, que nos seus olhos eu esteja em casa, onde estiver. Que a minha gargalhada e a sua gargalhada sejam as mais poderosas. Que o resto do Mundo não interesse muitas vezes. Que eu possa ser sempre quem eu quiser. Que ele seja livre. Que valha sempre a pena. Que quase nunca haja dúvidas. Que os seus sonhos se realizem. Que o meu sorriso lhe cure muita coisa. Que sorria para mim sem mais nada. Que me conte segredos, que tenhamos segredos. Que sinta que é certo. Que o tempo que vem seja sempre muito pouco para nós. Que me ame, que me ames."
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Arcade Fire - Afterlife
When love is gone
Where did it go?
And where do we go?
Where did it go?
And where do we go?
It's just an afterlife
It's just an afterlife
It's just an afterlife with you
It's just an afterlife :)
It's just an afterlife
It's just an afterlife with you
It's just an afterlife :)
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Que saudades eu tenho de pegar numa caneta e perder-me em palavras que me saem directamente da alma para páginas brancas soltas que encontro perdidas em qualquer lugar...
Que saudades tenho eu de me sentar frente ao ecrã vazio com o pisca pisca do cursor a pedir insistentemente que o faça rodar em espiral até ao fundo da página...
Que saudades eu tenho de ser eu... para mim... para mais ninguém... anónima de uma página criada quando ainda sabia escrever... e perder-me em devaneios oriundos de sonhos meus!
E tinha sonhos... tinha tantos! Era uma alma aventureira, quando a vida ainda não me tinha ensinado o que é perder alguém... o que é acordar um dia e querer apenas que o dia anterior regresse... e se eternize!
E pensava sair do lugar onde nasci e que me viu crescer! E aspirava percorrer todos os caminhos que a vida me permitisse percorrer, sem esquecer quem ficava, mas sem me arrepender de não olhar para trás!
Eu era assim, em menina inocente que vê o mundo com olhos de fome por mais, sempre mais! Que olha para além fronteiras e acredita que o futuro é naquela direcção, que todos os sonhos serão vividos tal qual acontecem quando os olhos se fecham para uma noite de descanso... Eu era assim! Sempre me lembro de ser assim... e depois cresci! E o medo veio com os anos! O medo de arriscar, de aventuras, de viver longe, de subsistir... de viver por mim!
E fiquei por aqui, no lugar onde nasci e que me viu crescer... no lugar que me deu asas e acabou por tirá-las! Ninguém me prendeu aqui, ninguém é responsável pelo meu receio de concretizar o que sempre quis! EU ESCOLHI! Eu quis ficar aqui porque acreditava que aqui também poderia ir longe, sem tem de partir!
E amo tanto viver aqui, neste lugar onde nasci, que me viu crescer... e de todo um país à beira-mar esquecido que tem tanto para percorrer, para descobrir... e que está a morrer aos poucos!
Hoje tenho medo, não por mim porque vivi o que tinha a viver na altura em que devia ter vivido... tive oportunidades de escolha, de aventura, de aprendizagem e de concretização de sonhos! Se hoje estou onde estou, é por mim! Podia ter partido, mas fiquei... demasiado acomodada com a vida que poderia preencher-me mais a nível profissional, mas foi escolha minha e é com ela que tenho de viver! E os filhos que quero ter? E olhos esperançosos dos filhos das minhas pessoas que já se permitem sonhar? Que futuro terão eles num país assombrado por dias intermináveis de más notícias, desilusões e excesso de falta de luta? Onde está o direito de querer ficar onde se cresceu sem ter medo de não ter nada a que se agarrar? Por que mundo estamos a lutar dia após dia? É para morrermos sem termos tempo de um banco de jardim a olhar para o passado com as mãos que nos aqueceram a vida inteira entrelaçadas nas nossas? É para isso que vivemos? Para um dia, no final de 8 horas de trabalho, com o corpo e a mente que já mereciam descanso, cairmos sem mais forças para nos levantar? É para nos despedirmos da vida sem tempo de vivê-la?
Hoje tenho de vontade de partir, sim.... entrelaçar fortemente a minha mão na mão que se une à minha no final de cada dia e partir e não olhar para trás! Afinal, para além de quem nos viu nascer e nos ajudou a crescer... o que há aqui que mereça o nosso último olhar... sem doer?
'E eu vou, e a luz do gladio erguido dá,
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.'
Pessoa in Mensagem
terça-feira, 24 de setembro de 2013
A Mulher
Se é clara a luz desta vermelha margem
é porque dela se ergue uma figura nua
e o silêncio é recente e todavia antigo
enquanto se penteia na sombra da folhagem.
Que longe é ver tão perto o centro da frescura
e as linhas calmas e as brisas sossegadas!
O que ela pensa é só vagar, um ser só espaço
que no umbigo principia e fulge em transparência.
Numa deriva imóvel, o seu hálito é o tempo
que em espiral circula ao ritmo da origem.
Ela é a amante que concebe o ser no seu ouvido, na corola
do vento. Osmose branca, embriaguez vertiginosa.
O seu sorriso é a distância fluida, a subtileza do ar.
Quase dorme no suave clamor e se dissipa
e nasce do esquecimento como um sopro indivisível.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
sábado, 31 de agosto de 2013
O que me Faz Escrever este PoemaO que me faz escrever este poema
não são as coisas: terra céu astros.
A saber: estendo a mão: e
o mundo reconhece-a encontra a
memória onde repousa e se transforma.
Pequena questão de valor cósmico. Insisto:
elo que liga bruma e fumo
felicidade de imagens nome inamistoso.
Não sonho palavra sonho barco.
Imóvel aprendo a não esquecer:
aspecto mineral do corpo
um destino de mica qualquer coisa
que não cessa de bater. João Miguel Fernandes Jorge, in "Vinte e Nove Poemas"
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Dias assim...
Há dias, aqueles em que me sinto completamente alheia a tudo o que me rodeia, como se tudo o que acontece me fosse completamente imperceptível... a sensibilidade deixasse de fazer parte de mim... o coração me esfriasse! Há dias assim... poucos, mas eles existem! Somos todos assim, todos iguais, todos seres perfeitamente imperfeitos! E quem me disser que vive em felicidade constante, ou mente para o mundo... ou mente para si mesmo! Se sou feliz... SIM! Se o sou SEMPRE... não! Eu e toda a gente! :)
Mas retornando às palavras inicias do devaneio de hoje... naqueles dias em que acordo com menos disposição, nos dias em que as horas parecem suspensas por uma qualquer força maior que me impede de sair desta prisão rotineira.... é nesses mesmo dias que, inesperadamente e com alguma frequência, esbarro com palavras de outrem que fazem o meu coração explodir de todas as cores e me deixam com a alma enternecida... e penso: ah! Afinal hoje SINTO! (como sinto sempre... como sinto tanto!)
Foi a Rita F. Rodrigues (que me surpreende de quando em quando) que escreveu... e senti os meus olhos sorrirem... como sorriam quando era ainda (e agora...) menina :)
''Adormece sempre em cima do meu peito.. Sempre .
Eu sei que os livros dizem que ele devia ser autónomo e adormecer sozinho . Tem 2 anos.
Mas eu que os li , sei que também preciso desse nosso momento para me encontrar comigo mesma . É um momento único de paz e ternura entre Mãe e Filho.
Às vezes a casa está cheia de amigos ( que bom!) há barulho na sala e tudo a acontecer. É nessas alturas que uma casa mais precisa da mulher que a habita :falta sempre tudo, mais um prato, o zyrtec para a amiga alérgica a gatos, o vinho branco que está no congelador esperando por ser bebido .
É nessas alturas de caos e alegria que ele me agarra na mão e diz " Mãe vamos dormir"
E eu vou .
Fugimos os dois para a nossa bolha de amor , colo, xuxas e festinhas, canções e paz .
Não vos sei explicar isto que sinto , o que significa este recolhimento.
Para alguns seria um sacrifício , para mim é o melhor momento do dia .
E depois ele adormece . Bochecha suada colada ao meu pescoço.
As pessoas não sabem mas as bochechas dos bébés foram feitas para ficarem coladas aos pescoços das mães .
Que se lixem os livros .
Enquanto ele quiser, eu estarei aqui de mão dada para o sono .
O mundo que nos aguarde lá fora.
Meu bébé querido'' R.F.R.
Bonito, não é?! Rasgou-se-me um sorriso de orelha a orelha :)****
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Dias de Verão
"Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo
Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo
O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem
Como se em tudo aflorasse eternidade
Justa é a forma do nosso corpo."
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 4 de junho de 2013
BS
Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espectáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis.
Bernardo Soares
in Livro do Desassossego
terça-feira, 23 de abril de 2013
Quem éramos?
Quem éramos?
Seriamos dois ou duas
formas de um? Não o
sabíamos nem o
perguntávamos.
Um sol vago devia
existir, pois na floresta
não era noite. Um fim
vago devia existir,
pois caminhávamos.
Um mundo qualquer
devia existir, pois
existia uma floresta.
Nós, porém, éramos
alheios ao que fosse
ou pudesse ser,
caminheiros uníssonos
e intermináveis sobre
folhas mortas, ouvidores
anónimos e impossíveis
de folhas caíndo.
Nada mais.
Bernardo Soares - Livro do desassossego
Seriamos dois ou duas
formas de um? Não o
sabíamos nem o
perguntávamos.
Um sol vago devia
existir, pois na floresta
não era noite. Um fim
vago devia existir,
pois caminhávamos.
Um mundo qualquer
devia existir, pois
existia uma floresta.
Nós, porém, éramos
alheios ao que fosse
ou pudesse ser,
caminheiros uníssonos
e intermináveis sobre
folhas mortas, ouvidores
anónimos e impossíveis
de folhas caíndo.
Nada mais.
Bernardo Soares - Livro do desassossego
terça-feira, 19 de março de 2013
Todos os dias te sinto falta... todos os dias te sinto em mim...
"É o teu rosto que encontro. Contra nós, cresce a manhã, o dia, cresce uma luz fina. Olho-te nos olhos. Sim, quero que saibas, não te posso esconder, ainda há uma luz fina sobre tudo isto. Tudo se resume a esta luz fina a recordar-me todo o silêncio desse silêncio que calaste. Pai. Quero que saibas, cresce uma luz fina sobre mim que sou sombra, luz fina a recortar-me de mim, ténue, sombra apenas. Não te posso esconder, depois de ti, ainda há tudo isto, toda esta sombra e o silêncio e a luz fina que agora és."
José Luís Peixoto, in 'Morreste-me'
quinta-feira, 14 de março de 2013
JLP
Abandona os gestos desnecessários, abandona o peso e a forma do corpo, abandona o chão. Tens altura suficiente para entrar. Podes sentar-te à frente e podes levantar os braços nas descidas. Subirás devagar, aproveita para ver a paisagem. Descerás de repente, num instante de onomatopeias: zut, vrrrum. Grita. Se quiseres podes gritar. O vento gritará ao teu lado. Tens o cinto de segurança posto, já não podes voltar atrás, já não podes abandonar o ritmo a que bate o teu coração, o teu coração, o teu coração. Respira, a vida é feita de estar vivo. Não vás de olhos fechados, abre os olhos e respira, repara neste momento da tua vida: estás numa montanha-russa, mas nem estás numa montanha, nem estás na Rússia.
José Luís Peixoto
segunda-feira, 11 de março de 2013
"Pinceladas de barro cor da pele cobrem minhas cicatrizes como um carinho
Todas as manhãs, antes de me iludir com a vida
Lavo no escuro adocicado minhas pequenas pupilas
Escorrego sabão nos círios da pequena boneca
Cubro a alma com uma pitada de lápis nas sobrancelhas finas
Faço elas ficarem bem grossas com perfil de misteriosa
Minhas mãos já sabem de cor a forma de cada olheira
Profunda de tanta chuva que tomou
É como se cobrisse minha alma todas as manhãs
É como se a mim só eu conhecesse
Quando estou definitivamente uma pintura de Basquiat
Olho-me no espelho
O que vejo
Um touro, uma donzela, um insecto, uma traça, um sonho
Não sei bem se vejo ou deliro
Mas crio coragem e abro a porta
Quase sempre venta e lacrimeja
Coloco a bagagem nas costas
De costas me olho mais uma vez no espelho
Sim, agora estou pronta
O exagero, o Destino me perdoe, tenho pressa, saiam da frente
Que meu cansaço derrete meu barro e a escultura cai
Tenho pressa, minha vida é passageira
E meu escudo de pele moldado por cicatrizes
Quando chego em casa, sento, tiro os sapatos, calço a minha essência e choro
Quando a obra facial se desfaz, coloco as mãos sobre o rosto e sorrio
Acendo uma vela, abro a torneira e lavo minha alma
Agora, nua".
Poema autobiográfico da actriz Bárbara Paz.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Caminhante...
Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.
António Machado
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Fui agora visitar-te, pai... e se tivesse comigo intermináveis folhas em branco, escreveria até a tinta da caneta que jaz no fundo da minha carteira acabar! Fiquei em silêncio, com a luz do sol a cegar-me os olhos inundados pelas lágrimas que involuntariamente fui deixando escorrer face abaixo... e senti uma paz indescritível, uma paz que já não me assolava há demasiado tempo! E fiquei ali.. perdida em pensamentos dos dias que correm, embrenhada em saudades que sinto do teu sorriso, da tua alegria... até das discussões que nos quebravam a cada grito, a cada palavra que feria... até da dor eu tenho saudades! E pedi-te desculpa por não te visitar mais vezes... por não acompanhar a mãe quando ela te visita e, sem proferir quaisquer palavraS, me pede para ir com ela... e eu não vou! Sempre fui assim, não fui? Sempre fiz o que queria apenas e somente quando achava que deveria ser feito ou quando me sentia preparada e confiante para fazê-lo... desde que partiste (há quase 13 anos... 13 anos!!!!!!) foi a segunda vez que te visitei sozinha... e no mesmo muro me sentei e permiti que o sol me cegasse e a dor tomasse conta de mim... a dor, a paz, o amor, a falta, os sorrisos perdidos, os abraços que nunca te dei, as palavras que não devia ter dito... e disse! E pedi-te perdão por não te visitar mais vezes... outra vez... e outra vez te pedirei quando voltar a sentir necessidade de ir ali... àquele sítio onde não te sinto! A terra não pode estar a prender-te... os pores-de-sol não podem existir sem que os possas contemplar... de mão na mão com a mulher com quem foste feliz... como, em voz baixa, para somente nós ouvirmos, te perguntei se tinhas sido... e sei que sim! E pedi-te desculpa... desculpa por atitudes impensadas, impulsivas, inconscientes... completamente imaturas para a idade que já não me permite agir assim! E pedi-te perdão.. por não te visitar mais vezes... tu não estás ali! A terra não pode impedir-te de vislumbrar cada lua cheia que ilumina o céu... sei que estás aí... aí onde me vês sempre que a tristeza me invade o peito e a voz se cala num grito abafado que apenas tu consegues ouvir! E falo contigo todos os dias... mesmo que não me aperceba que estou a fazê-lo! E amo-te muito, Pai! Por mais visitas que não te faça, o amor, a dor, a saudade, a alegria por ter tido oportunidade de fazer parte da tua vida.. são eternos! São meus!!!!
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
“E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha"
Quero tudo novo de novo. Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente e só o necessário para trás. Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.
“E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha".
Fernando Pessoa
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
ECO
Hoje, perguntando onde estás, e o
que fazes, ouço as palavras tristes
da solidão que me responde, sem
nada me dizer, ao dizer-me tudo.
O que fazes e onde estás, pergunto
ao silêncio que me deixaste; e ouço
em mim a resposta, num eco que
vem de ti, perguntando por mim.
E neste espelho que entre mim e ti
a ausência constrói, outro espelho
reflecte o vazio da sua imagem, até
esse infinito em que a minha pergunta
te responde, para que me devolvas
o eco em que as nossas vozes se juntam.
Nuno Júdice
que fazes, ouço as palavras tristes
da solidão que me responde, sem
nada me dizer, ao dizer-me tudo.
O que fazes e onde estás, pergunto
ao silêncio que me deixaste; e ouço
em mim a resposta, num eco que
vem de ti, perguntando por mim.
E neste espelho que entre mim e ti
a ausência constrói, outro espelho
reflecte o vazio da sua imagem, até
esse infinito em que a minha pergunta
te responde, para que me devolvas
o eco em que as nossas vozes se juntam.
Nuno Júdice
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Quando eu for pequeno...
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
José Jorge Letria, in "O Livro Branco da Melancolia"
...de mão na mão :)
Quando damos as mãos, somos um barco feito de oceano, a agitar-se sobre as ondas, mas ancorado ao oceano pelo próprio oceano. Pode estar toda a espécie de tempo, o céu pode estar limpo, verão e vozes de crianças, o céu pode segurar nuvens e chumbo, nevoeiro ou madrugada, pode ser de noite, mas, sempre que damos as mãos, transformamo-nos na mesma matéria do mundo. Se preferires uma imagem da terra, somos árvores velhas, os ramos a crescerem muito lentamente, a madeira viva, a seiva. Para as árvores, a terra faz todo o sentido. De certeza que as árvores acreditam que são feitas de terra.
José Luís Peixoto, in 'Abraço'
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
The Emotive
I love you.
I love you for the words you give me the strength to say and
The songs you give me the audacity to play.
I love you for the way you send my heart aflutter.
The way that no other can possibly make me feel because you
You make me want to dance.
And so I took that chance.
I leapt in as uncertain as I was about my dreams.
Only knowing that this
This was real.
I love you for the words you give me the strength to say and
The songs you give me the audacity to play.
I love you for the way you send my heart aflutter.
The way that no other can possibly make me feel because you
You make me want to dance.
And so I took that chance.
I leapt in as uncertain as I was about my dreams.
Only knowing that this
This was real.
http://youtu.be/8o-Ha2r6M9I
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