que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua
dum lírio cujo caule se estende e
ramifica para lá dos alicerces da casa
abre a janela debruça-te
deixa que o mar inunde os órgãos do corpo
espalha lume na ponta dos dedos e toca
ao de leve aquilo que deve ser preservado
mas olho para as mãos e leio
o que o vento norte escreveu sobre as dunas
levanto-me do fundo de ti humilde lama
e num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo
Al Berto, in 'A Noite Progride Puxada à Sirga'
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
bichos mexericos!
Estou há uns minutos a tentar recordar-me da última vez em me olhei ao espelho e vi a menina que sempre vislumbrei escondida no brilho dos meus olhos... e a memória não me presenteia com nenhuma imagem, com qualquer data precisa, com qualquer momento em que senti ser o que já fui... hoje vejo rugas próprias da idade, que o tempo e a vida me deixaram marcadas no rosto, marcas de sorrisos que guardo sempre comigo e se rasgam sempre que a lembrança desses momentos felizes me assalta... Tenho saudades de ser assim! De sentir demasiado, de me deixar envolver por tudo o que me pudesse provocar qualquer tipo de emoção, de ter a capacidade própria de uma criança para sonhar e esperar sempre que o dia de amanhã pudesse brilhar mais intensamente! A idade ensina-nos a saber viver... pé ante pé... um passo à frente... dois passos atrás... um passo com firmeza e segurança... um passinho a medo e com muita precaução!
Tu fizeste-me assim... mais crescida, mais responsável... menos menina, menos sonhadora! Assentaste-me os pézinhos voadores na terra... a mim, que sempre gostou de voar... de sonhar... de divagar... de imaginar... de se perder... de aproveitar sofregamente cada minuto que a vida me permitia viver... intensamente, impensadamente, irresponsavelmente! E limitava-me a viver!
Hoje gosto de ser assim, de ter crescido! Os sorrisos, os pulos, as correrias, as brincadeiras, os planos, os sonhos, os abraços, as mãos entrelaçadas, os beijos, a paixão... a razão, o medo, o choro, a discussão, o amuo... o fazer as pazes! Viver é isto tudo! Viver é muito mais! E contigo voltei a aprender a viver, a ter objectivos, a lutar, a acreditar que mereço muito ser feliz! E sou... uns dias mais... poucos dias menos... mas sempre a aprender com os meus erros... na esperança que possas também aprender com os teus! E quero que continuemos a aprender juntos, a surpreender-mo-nos, e a moldar-mo-nos um ao outro! A minha imperfeição é como a tua... real! E eu aceito-te... como és... como gostaria de ser aceite... e sinto que não sou! E cada desilusão que te vejo estampada no rosto me tira um bocadinho daquilo que amo em mim... da menina que não quero abandonar, da espontaneidade que me caracteriza, da eterna inocência que é tão minha... foi assim que me conheceste e não quero deixar morrer quem sou! E não quero mudar! Não! As pessoas não mudam, moldam-se! A essência, a personalidade, as convicções, as crenças, as atitudes... são imutáveis! Sempre acreditei nisso, tu sabes! Deixa-me brincar quando entendo que ninguém vai levar a mal... quando é preciso, ninguém me tira a seriedade! E bato e baterei o pé quando for preciso! E soltarei gargalhadas sonoras quando a felicidade me inundar o peito e não conseguir contê-las dentro de mim! E amuarei quando os meus desejos não forem cumpridos... e rirei de tudo isso quando o amuo me passar! Eu SOU assim! Não quero ser de outra forma! Jamais me atreveria a impor-te a minha pessoa... se foi por mim que te apaixonaste... é por MIM que continuarás apaixonado... se assim o entenderes!
Quero ser feliz... mais do que já sou! E se quiser bradar aos quatro ventos o quão feliz me sinto, fá-lo-ei sem qualquer pudor ou medo de represálias!!!!!! (Anita impõe-se!)
Até já....
"Outrora eu era daqui, e hoje regresso estrangeiro, forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim. Já vi de tudo, ainda do que nunca vi, nem o que nunca verei. Eu reinei no que nunca fui."
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
It doesn’t interest me what you do for a living. I want to know what you ache for, and if you dare to dream of meeting your heart’s
longing. It doesn’t interest me how old you are. I want to know if you will risk looking like a fool for love, for your dream,
for the adventure of being alive.
It doesn’t interest me what planets are squaring your moon. I want to know if you have touched the center of your own sorrow, if
you have been opened by life’s betrayals or have become shriveled and closed from fear of further pain! I want to know
if you can sit with pain, mine or your own, without moving to hide it or fade it, or fix it.
I want to know if you can be with joy, mine or your own, if you can dance with wildness and let the ecstasy fill you to the tips of
your fingers and toes without cautioning us to be careful, to be realistic, to remember the limitations of being human.
It doesn’t interest me if the story you are telling me is true. I want to know if you can disappoint another to be true to yourself; if you
can bear the accusation of betrayal and not betray your own soul; if you can be faithless and therefore trustworthy.
I want to know if you can see beauty even when it’s not pretty, every day, and if you can source your own life from its presence. I
want to know if you can live with failure, yours and mine, and still stand on the edge of the lake and
shout to the silver of the full moon, “Yes!”
It doesn’t interest me to know where you live or how much money you have. I want to know if you can get up, after the night of grief
and despair, weary and bruised to the bone, and do what needs to be done to feed the children. It doesn’t interest me who you know
or how you came to be here. I want to know if you will stand in the center of the fire with me and not shrink back.
It doesn’t interest me where or what or with whom you have studied. I want to know what sustains you, from the inside, when all else
falls away. I want to know if you can be alone with yourself and if you truly like the company you keep in the empty moments.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
A Tua Beleza para Mim Está em Existires
Última estrela a desaparecer antes do dia,
Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos,
E vejo-te independentemente de mim;
Alegre pelo critério que tenho em Poder ver-te
Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te.
A tua beleza para mim está em existires
A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
"Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis." F.Pessoa
Eu tenho o dever de sonhar... de criar ilusões, de ter expectativas, de querer sempre mais, de esperar o impossível, de me surpreender, de sorrir, de soltar gargalhadas, de amuar, de chorar, de me entristecer, de pular, de cantar, de dançar... eu tenho o dever e o direito de VIVER! De ser FELIZ! E SOU!!!!! Hoje sei e sinto que o sou! És a minha luz e a minha escuridão... o meu abraço, o meu aconchego! És o meu ombro amigo, a minha consciência! És o meu maior causador de sorrisos... a minha alegria! E vou deixar, a pouco e pouco, de permitir que as borboletas que esvoaçam na minha barriga, me assustem... e vou deixar de ter medo de sentir tudo o que sinto... e vou deixar de me atormentar com os fantasmas que fazem parte de ti... são tão reais como nós somos! E quero aproveitar cada raio de sol, cada brisa, cada céu estrelado, cada chuva incessante, cada pedaço de tempo no nosso ninho... e sou feliz! Como sinto que tu és! E Amo-te... tanto!***
sábado, 16 de junho de 2012
Sinto-te cada vez mais meu... cada vez mais tua senti-me sempre, em cada pedaço de vida que fomos partilhando! Hoje sinto que estamos no mesmo patamar e isso faz-me sorrir todos os dias quando preguiçosamente esfrego os olhos em cada despertar.. e tenho de te deixar aninhado na minha almofada!
E sinto-o sempre a cada despedida porque sei que rapidamente voltarás a estar nos meus braços com um brilho nos olhos que cresce a cada momento em que nos damos mais um pedaço...
Sou tua... sempre! Estás em mim... cada vez mais!Até já, meu amor...
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Gozo os campos...
Gozo os campos sem reparar para eles.
Perguntas-me por que os gozo.
Porque os gozo, respondo.
Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente
E ter uma noção do seu perfume nas nossas ideias mais apagadas.
Quando reparo, não gozo: vejo.
Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
Pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos
À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
E só um resto de vida ouve.
Perguntas-me por que os gozo.
Porque os gozo, respondo.
Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente
E ter uma noção do seu perfume nas nossas ideias mais apagadas.
Quando reparo, não gozo: vejo.
Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
Pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos
À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
E só um resto de vida ouve.
Alberto Caeiro
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
...após mais uns dias que passámos percorrendo trilhos de mão na mão, vislumbrando paisagens que nos marcarão para sempre, resolvi revisitar uma rubrica esquecida... escrita há alguns anos... e vou reinventá-la para nós...
Gosto (parte III)
Gosto de cada passeio em que nos perdemos no nosso mundo... gosto de sentir o calor da tua mão na minha e o teu braço pousado sobre os meus ombros sentindo-me protegida.... gosto de todos os pores-do-sol que vislumbramos com um brilho nos olhos... gosto de fazer planos contigo sonhando que amanhã será sempre um dia melhor... gosto que me segredes ao ouvido tudo aquilo que é só nosso, para mais ninguém poder usurpar dos nossos segredos... gosto dos sorrisos que me provocas e das gargalhadas sonoras que me fazes soltar sem qualquer vergonha.... gosto do teu cheiro que fica entranhado em mim depois de partires, para rapidamente regressares... gosto do te ver com o teu pijama que outrora foi meu... gosto que me mimes, que me apertes contra ti como se nada mais para além de nós existisse... gosto do teu olhar encantado quando olhas algo pela primeira vez ao meu lado... gosto de partilhar contigo o que sinto, o que penso... o que quero!... gosto de sentir os teus olhos postos em mim quando pensas que estou demasiado distraída para reparar... gosto de me enroscar em ti no sofá e adormecer encostada ao teu peito (e sentir que é o melhor lugar do mundo)... gosto de sentir que te preocupes comigo (apesar de jamais o ouvires da minha boca).... gosto dos nossos pequenos almoços que nos provocam demasiada preguiça para que a vontade de sair de casa se pronuncie... gostos dos nossos passeios, das nossas serras.... gosto de te fazer cócegas porque sei que ficas irritado... gosto que sejas tão mimado quanto eu... gosto de brincar contigo e sentir-me uma menina a quem ofereceram um brinquedo novo... gosto das tuas mensagens pela manhã... gosto que me tires fotografias e que me chames bonita (e sentir-me envergonhada)... gosto das tuas surpresas que me deixam sem palavras... GOSTO-TE!!!***
Não Gosto
Não gosto que me chames à atenção quando ajo de uma forma a que não estás habituado... não gosto de ver o teu olhar taciturno... e sentir que sentes saudades... não gosto que não confies em mim, depois de tudo aquilo por que já passámos... não gosto que saias de casa e deixes para trás uma pilha de loiça suja (eheheheh)... não gosto que demores uma eternidade a responder-me a mensagens que escrevo com o coração... não gosto de sentir-te observar as rugas que o tempo deixou marcado no meu rosto... tu também as tens, também as terás... não gosto que não gostes que brinque contigo da mesma forma que brincas comigo... não gosto que me digas o que estás a pensar no momento (porque é o que realmente queres) e que no minuto seguinte te arrependas... sonhar não é pecado!... não gosto de passar muito tempo sem sentir o teu abraço... e como faltam poucas horas para voltar a senti-lo... vou fechar os olhos... para não deixar de gostar do tempo!
...e tempo é coisa que não nos falta, meu Amor! Até já... nos teus braços***
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
...
... no caderno rabiscado que me ofereceste, cheio de páginas em branco para eu preencher com os meus devaneios soltos, escrevo o que sinto... por nós! As nossas coisas boas, os nossos momentos, o meu passado atribulado até teres aparecido na minha vida... é o meu livro feliz! Este é O MEU LIVRO!!!! O meu livro antigo, as minhas páginas soltas de desabafos por entre uma vida recheada de dias que fizeram de mim o que sou... aqui sou feliz... às vezes! Outras, nem tanto... e hoje (como ontem) surge a necessidade sufocante de escrever, de gritar comigo, de praguejar, de arrancar cabelos... de chorar!!!!! E não choro... e não grito... e não reclamo com ninguém! Cinjo-me a este espacinho minúsculo onde passo o meus dias a ver a vida passar por mim sem ter nada para me oferecer!
...e hoje acordei triste... por tudo... por nada! Porque quero aceitar e entender... mas não aceito nem entendo! E respeito... respeito sempre! Entenderia se em vez de silêncio me desses respostas que me sossegassem a alma! E hoje acordei triste.... porque se num instante tudo faz sentido... imediatamente o perde! Quero ser feliz... acho que no fim de tanto, de tudo o que passei... mereço! Ou talvez alguém que desconheço me tenha traçado o destino assim... incerto...
Não quero sentir-me cansada... não mais! Não quero escrever palavras que me ferem a cada bater do teclado, a cada pulsar de coração à medida que fluem para o ecrã que me cega... e os olhos ficam turvos... e só tenho vontade de fechá-los... e esconder-me assim... sem ver ninguém, sem ouvir qualquer som que possa interferir com os meus pensamentos... escondida no escuro... sozinha... e falar de mim para mim... e a esquecer tudo o que me magoa...
...e hoje acordei triste...
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