terça-feira, 13 de março de 2007


As crianças mal amadas 


Têm os olhos 
Da cor da noite 
E uma nuvem 
No lugar do coração. 
As crianças mal amadas 
Gostam dos recontos 
E dos desencantos 
Da solidão. 
Não têm amigos 
Conversam com os dedos 
Não estragam brinquedos 
E têm segredos 
Adormecem com medo Do Bicho Papão.

Maria João Domingos - Maio 2003

dias... meses... anos...

Começamos a vida como filhos de alguém, como protegidos, detentores de atenção e afecto por parte de todos os que nos rodeiam… será que no futuro damos o verdadeiro valor a quem sempre nos apoiou, ajudou, a quem enfrentou tudo e todos em nosso prol? Será que a vida, o decorrer do tempo nos rouba o que fomos, o nosso ser mais íntimo, o modo como sentimos, como olhamos e encaramos a vida? Sempre gostei de ouvir, ouvir sem pedir nada em troca, ouvir só por ouvir, porque alguém precisa falar… às vezes gostava, não de voltar costas a quem me confia os segredos, mas de não me envolver tanto, não sentir que algum dia isso poderá acontecer comigo… O relógio biológico deve estar quase a soar o alarme… tenho medo… tenho medo de não conseguir, tenho medo de falhar… tenho tanto medo… Sei e sinto que quero passar por essa experiência! Sei e sinto que darei o melhor de mim, que farei TODOS os sacrifícios necessários para que nada possa faltar a essas pessoas pequeninas com quem um dia quero poder brincar no quintal, a quem quero poder ver e viver o primeiro sorriso, limpar a primeira lágrima… estender a minha mão e oferecer o meu ombro para essas deambulações da primeira desilusão… E depois? Será que sofrerei com palavras amargas, com enganos e mentiras, com faltas de um “obrigado, mãe”?! Será… Será justo estar já a prever a personalidade de alguém que ainda não existe? Será correcto estar a idealizar um ser que pode nem vir a existir? Será? As dúvidas constantes da nossa existência…

quinta-feira, 8 de março de 2007

Dorme enquanto eu velo...

Dorme enquanto eu velo... 
Deixa-me sonhar... 
Nada em mim é risonho. 
Quero-te para sonho, 
Não para te amar. 
A tua carne calma 
É fria em meu querer. 
Os meus desejos são cansaços. 
Nem quero ter nos braços 
Meu sonho do teu ser. 
Dorme, dorme, dorme, 
Vaga em teu sorrir... 
Sonho-te tão atento 
Que o sonho é encantamento 
E eu sonho sem sentir. 

Fernando Pessoa

sexta-feira, 2 de março de 2007

I'm back!

Mais de um mês decorrido após ter escrito algumas linhas aqui, estou de volta… De volta à escrita (quando arranjar tempo), de volta à rotina diária, de volta à sensação de me sentir útil, de sentir que estou a fazer alguma coisa por mim… Já tinha saudades de sair de casa todas as manhãs com o objectivo de fazer alguma coisa real, palpável (apesar de continuar a ser difícil acordar com o som medonho do despertador do telemóvel, que teima em despertar-me de sonhos que me acompanham durante a noite!)… ultimamente, quando abria a porta da rua e pisava o tapete que se mantém intacto à entrada, partia sem rumo certo, sem destino marcado… saía para não ter de me sentir enclausurada dentro das paredes que me acolhem! Saía para não ter de me sentir presa, obrigada a estar parada, sempre no mesmo sítio… Hoje sinto-me bem… Não sei que futuro terei aqui, neste sítio onde me foi oferecida a oportunidade de mostrar que sou capaz de vencer… (e de vender! J ) A todos os meus leitores (que já devem ter perdido o hábito de percorrer as páginas da minha alma): sejam bem-vindos! Vou tentar não desaparecer por muito tempo. Até sempre…